Rio de Janeiro, 28 de Março de 2024

Tempo de Paz

Eu fiz isso mesmo?!
 
Mais um final de ano e, mais uma vez, vamos dizer que passou muito rápido, os shoppings já estão decorados e com essa época do ano ressurgem as angústias e tristezas que estão dentro de nós.
 
Acabamos transferindo para as músicas de Natal, para os votos de "Feliz Ano Novo" ou para os enfeites natalinos toda essa lembrança.
 
 
Não há nada errado com a felicidade cíclica da vida e o Natal é uma delas.
 
O que mais vemos nessa época, são pessoas se arrastando pelos shoppings, cheias de pacotes de presentes com a  cara amarrada e impacientes.
 
Esse ritual parece uma obrigação.
 
O desespero de equilibrar o salário e os muitos presentes que se quer comprar.
 
Cumprir essa obrigação é muito estressante.
 
Esse ritual tem muito a ver com a exteriorização da culpa de ter passado o ano inteiro sem se preocupar com a vida.
 
Mergulhar nas compras no final de ano pode ser  uma tentativa para lidar com essa culpa.
 
Mas, ela acaba virando um ciclo ou repetindo outros finais de anos já vividos.
 
A sensação de déjavu não é apenas sensação é real.
 
Mais uma vez você fez algo que não tinha vontade.
 
Comprou presentes para pessoas de que talvez não goste.
 
No dia de Natal, os pacotes acabam no chão de casa, com as pessoas ao redor de uma mesa silenciosa e sem  alegria.
 
Muitas brigas familiares são materializadas exatamente nessa época de Natal já que muitas famílias não trocaram durante o ano todo sequer um telefonema.
 
 
Afinal, de um lado ou do outro da linha havia muito rancor, ódio, amargura, egoísmo, raiva do mundo e de si mesmo.
 
E só no final do ano há uma tentativa em "resolver" ou "amenizar" essa situação.
 
O Natal antecede uma onda de esperanças que culmina com o Ano Novo.
 
A esperança é um elemento importante na vida, independente dos fatores econômicos e sociais das pessoas.
 
Muitos dos votos de esperança e de novos comportamentos morrem nos primeiros dias do ano, quando passa o cheiro do peru e o sabor do panetone.
 
Simplesmente porque os nossos corações não estão confiantes em si mesmos.
 
São poucas as pessoas que realmente largam para trás, com o ano que passou, os pacotes de tristeza, angústia, sofrimento, frustração e dor.
 
A maioria de nós cai no comodismo, adiando para outro dia, que nunca vai chegar, a resolução desses pacotes que estão presentes há tempos nossas vidas.
 
Muitos de nós  brigamos para mantê-los e, dessa forma, tudo o que conseguimos é irradiar o sofrimento ao nosso redor.
 
Falta vontade de desatar os nós, quebrar as barreiras, soltar as âncoras e se libertar de verdade.
 
Sem deixar para trás os pacotes não acontece nada de diferente em nossas vidas.
 
Muitos desses pacotes estão cheios de conteúdos que não são apenas nossos.
 
As pessoas fazem plástica, lipoaspiração, malham dia e noite para mostrar músculos, pintam suas casas, compram carros novos e em pouco tempo estão no mesmo ciclo vicioso de amargura, sofrimento, rancor, desesperança, solidão e  baixa auto-estima.
 
Os "Natais" não são iguais e tampouco os "anos novos" e, menos ainda, nós que passamos pelo tempo.
Nenhum segundo da vida é igual a outro.
 
O filósofo Heráclito já dizia na Grécia antiga que é impossível se banhar na mesma água de um rio duas vezes.
 
Ou seja, tudo muda sempre, independente de nossa vontade e nós temos dificuldade em lidar com isso.
 
Somos resistentes a mudança e queremos manter tudo sempre do mesmo jeito, é difícil deixar para trás aquilo que não serve mais.
 
Perdemos horas preciosas da nossa vida remoendo o passado, Não temos compaixão nem de nós mesmos.
 
Aquela história de reviver o passado é ilusória.
 
Isso não é possível.
 
O passado pertence ao passado.
 
A única coisa possível e correta é viver o presente.
 
Portanto, este é o momento de dar um basta na repetição viciosa dos ciclos destrutivos.
 
É preciso nos permitir ser feliz.
 
A vida exige permissões, declarações e também atitudes!
 
 
Declare para você mesmo que a partir deste momento você vai mudar a sua vida, vai quebrar as barreiras que impedem  você de ser feliz.
 
Desate os nós das conveniências e vivências e abra as portas para a felicidade, para a prosperidade, para a alegria e o amor.
 
Isto requer persistência, disciplina, vontade e perseverança.
 
É preciso agir!
 
Quebre os padrões familiares e promova uma festa, uma reunião, um almoço, um café ou qualquer outra coisa que possa reunir as pessoas.
 
Dê ouvidos a sua intuição que talvez esteja enferrujada.
 
Deixe algo novo e inédito brotar do seu coração.
 
Quebre padrões e paradigmas e, ao invés de se encher de pacotes de presentes para demonstrar que pode comprar, faça uma visita, dê um telefonema inesperado, faça uma oração.
 
Olhe-se no espelho e se elogie.
 
Quantas vezes a gente se olha com o olhar crítico?
 
Essas coisas funcionam e você sabe disso.
 
Experimente.
 
Deixe de gastar horrores com cartões de Natal falsos que você não tem vontade de enviar e só o faz por obrigação.
 
Livre-se de comer peru, da árvore cheia de bolas sem sentido.
 
As tradições devem ser seguidas, mas sem ligação com a repetição e sem reviver qualquer tipo de dor e sofrimento.
 
É encantador reunir parentes e amigos e comer coisas gostosas, cheirosas e cheias de amor, especialmente se o nosso coração está radiante e feliz, celebrando a vida.
 
A solidariedade que as festas de fim de ano despertam deve primeiro suprir o nosso coração.

O processo é simples e todos somos capazes de entrar nele.
 
Assim, as antigas músicas de Natal, o brilho dos shoppings, o cheiro do peru assando, o sabor do panetone podem adquirir novos significados se você se desfizer de  todos os pacotes indesejáveis que carrega há tempos.
 
Largue tudo, solte tudo.
 
Fique mais leve e carregue apenas aquilo que faz bem ao seu coração.
 
É essa verdade, essa alegria sincera que você deve compartilhar com quem ama.
 
Tire alguns minutos em que possa estar com você mesmo.
 
Coloque no papel.
 
Escreva uma longa carta para você mesmo.
 
Escreva tudo o que sente.
 
O que você quer transformar em sua vida.
 
Acredite, isso funciona e pode ter um grande poder libertador para você.
 
Depois de escrever tudo o que sente, o que pretende, livrar-se das amarras que impedem você de ter uma vida mais leve, faça uma oração de sua preferência, não precisa ser algo decorado.
 
Seja espontânea!
 
Lembre-se que é o seu encontro com você mesma.
 
Leia mais uma vez o que você escreveu e queime o papel.
 
O processo mental só depende da vontade de pensar diferente e de não deixar que os antigos pensamentos voltem a fazer parte de sua vida.
 
Assim, o vento novo do novo dia do novo ano poderá ser uma nova história, escrita por você!
 
Experimente!
 
Faça um ano novo realmente novo!
 
 
 
Katia Horpaczky é Psicóloga Clinica e Organizacional, Psicoterapeuta Sexual, Familia e Casal, Especialista em Workshops Vivenciais e Jogos Organizacionais, Arte-Terapeuta, Practitioner em PNL. pelo Southern Institute of N.L.P. e pela Society of Neuro Linguistic Programming.

 

Crédito:Luiz Affonso

Autor:Katia Horpaczky

Fonte:Universo da Mulher