Rio de Janeiro, 19 de Abril de 2024

Um oásis chamado Suiça

Quer um lugal ideal para um pit-stop de final de semana, reunindo muita gente interessante, vida noturna badalada, ótimos restaurantes e cultura?
Dê uma chegada até Zurique, Suíça, um oásis ainda não descoberto por muitos.
 
 
 
É tarde de sexta-feira e me encontro há  mais de 10.000 metros de altura, numa curta ponte-aérea entre Frankfurt e Zurique. Após a segunda taça de champagne Krug, servido geladíssimo pela comissária de bordo com ar maternal, na classe executiva, começo a relaxar e escrever a coluna. Pode parecer piada, mas tenho medo de viajar de avião; tento sempre fazer algo para me destrair e espantar o medo.
 
 
 
O final de tarde é presenteado com muito sol; isso significa que sinais da estação vindoura (outono no hemisfério norte) ainda estão distantes. Frio mesmo parece estar no topo dos Alpes, cobertos por neve perene, que estou sobrevoando neste momento. Isso me dá uma certa idéia da minha posição na terra. “ Devo estar no sul da Alemanha ou já na Suíça.”, penso.
 
 
Para  provar  que tudo que é bom dura pouco: mal terminei de bebericar meu champã, e até pensei em tomar uma outra taça, mas o comandante anunciou a nossa aterrisagem no aeroporto internacional de Zurique.
 
 
Casas de examel, idioma também alemão, vegetação idêntica, etc... me dão a impressão que ainda estou na Alemanha. Mas assim que dou de cara com o policial de imigração, na fila de controle de passaporte da Comunidade Européia, ele é super gentíl e nem abre o meu passaporte europeu. Estou podendo, né mesmo? Hoje em dia não ser confundido com terrorista é o poder, meus queridos! (risos)
 
 
Já do baggage claim vejo o Dirk, que está a minha espera, por uma parede envidraçada, dando tchauzinho. O Dirk foi a razão para eu passar meu findi em terras helvéticas porque  tinha chegado na cidade há dias por razões profissionais. E como ele é uma maravilha para viajar junto, jamais poderia recusar o convite.
 
 
Ia dizer pontualidade britânica, mas acho que os suíços também merecem o título ou prêmio de pontulidade helvética - muito mais que os súditos da Rainha -, uma vez que a Inglaterra atual tem deixado muito a desejar nesse quesito, que considero primordial. O trem que nos levou do aeroporto até o centro de Zurich, chegou e partiu do terminal em um tempo invejavél. Coisa de país civilizado. Dentro dos vagões,  revestidos em madeira escura, chique de nascer, todas as classes se misturam: jovens, idosos, de operários até executivos voltando para casa em horário de rush.
 
 
 
Minutos mais tarde, já estava fazendo meu check-in no Steigenberger Beau Lac, com vista para o lago de Zurich, que na verdade parece mais o mar devido a sua imensidão. Fiquei num quarto melhor do que tinha reservado – uma mini-suíte executiva – que gozava de serviços de quarto 24 horas e motorista particular incluídos na diária.
Olha só o detalhe do carrinho: um Jaguar! 
 
Estou longe de ser Maria-gasolina, meu negócio mesmo e avião desde que seja numa primeira classe, of course! Mas há mais Porsches e Masserattis na Suíça que na Alemanha.
Caiu?
 
Zurique nem um pingo se parece com as cidades brasileiras; apesar de ser a maior cidade da Confederação Helvética (nome oficial da Suíça) é pequena: apenas 350.000 pessoas vivem por lá, mas a energia do local é incomensuravél.  Os Züches (povo de Zurique) têm a sua disposão mais de 500 bares e restaurantes, o que é um certo luxo para uma cidade sehr klein  (muito pequena em alemão), mas cheia de opções de entretenimento e cultura. O povo, principalmente no verão, ama uma balada. E, se for ao ar livre, melhor ainda.
 
 
A beira do Lago de Zurique, cuja água é quase potável, muitos eventos acontecem, em vários cafés-lounges dentro do próprio lago, em ilhas flutuantes, com direito a palmeira ou um churrasco a moda deles – milho cozido e salsicha. É o local certo para encontrar gente bonita e descolada no final do dia para um a happy-hour e curtir o pôr-do-sol. Confira!
 
Acho que não seria supresa alguma dizer que podemos considerar Zurique uma ótima opção para os amantes da gastronomia pela variedade de culinárias e locais, mas preparem-se: os preços são mais altos que as montanhas que cercam a cidade.
 
Paga-se mais do que em Londres, para se ter uma idéia. Como há muita gente rica, é natural que tenhamos que afiar o American Express, né mesmo? Uma boa pedida seria jantar no DuTheatre (www.du-theathre.ch), que apesar do nome arrogante francês, não passa de um ótimo restro italiano comandado pelo chef Antonio Zappulla.
 
 
O clima do DuTheatre é feérico e sofisticado – candelabros de prata, espelhos e móveis em madeira escura se fundem num ambiente clássico-contemporâneo. Gente interessante, que vai jantar antes ou depois de ir à Ópera de Zurique, boa comida e staff atencioso, adicionam mais um tempero ao local.  Salve o fabuloso risotto de queijo de cabra, que pedi para acompanhar meu carneiro, aromatizado com alecrim e rúcula! Meu acompanhante ficou com um risotto de frutos do mar, que também era de capotar (Mmmmmm!). Isso, depois das nossas entradas, algo que verdadeiramente amamos: Lobster Bisque (consumê de lagosta).
 
 
A boa pedida para molhar a garganta foi Pouilly-Fumé, safra de 2003, com toques cítricos e florais. Como estava um pouco quente dentro do restaurante, minha pressão chegou aos meus sapatos Gucci, daí na hora da conta – a pior parte, como costumo dizer -, eu estava do lado de fora, sentando em vários sofás de bambu enormes, com forro branco, numa espécie de lounge no meio da calcada e com uma das garconetes me abanando. Só sei que esse jantarzinho a deux custou ao Dirk 180 euros (450 reais).
 
Para quem ama fazer shopping, não poderia haver melhor lugar do que a Bahnhofstrasse – similar as Ave.Montaigne ou New Bond Street (famosas ruas de comércio chic de Paris e Londres) de lá. Encontra-se todas as grifes de peso no mundo e, além disso, é de chorar ver todos aqueles reloginhos e jóias ultra-mega-fantásticas, mas por um preço que só os sheiks árabes que têm cacife para arrematar. Os suíços são bem democráticos e mesmos os mais abastados estão longe de deixar que os francos subam a cabeça, se é que vocês me entendem; fazem a linha low-profile, tanto é que a Bahnhofstrasse está repleta de lojas para todas as classes sociais.
 
Um bom passeio seria ir de trem até as montanhas oeste de Zurique, conferir o Zurich Sky, ou seja o Céu de Zurique, onde há um hotel com uma vista, é claro, fabulosa e trilhas para os amantes do mountainbike. Falando em esportes, o povo é naturalmente sarado. Os corpos a la Adonis dos suíços, esculpidos no dia-a-dia, já que eles presam muito atividades físicas. Além disso, como o país é montanhoso isso favorece e muito. Minha amiga Priscilla e a prima Mag Marie iam ter um treco vendo aquele monte de bofes tudibom!
 
Eu falo alemão, apesar de detestar a língua de Göethe, mas o alemão-suíço me conquistou -  está longe de soar tão imperativo e gutural como o do país vizinho. Talvez tenha tido tal impressão porque as pessoas são muito mais simpáticas e alegres que os alemães de forma geral.
 
Até eu, que não tomo café-da-manha ( eu sei, que é um erro!!), me rendi ao maravilhoso brunch do Steigenberger Beau Lac. Uma coisa começar o dia com o privilégio de relaxar olhando aquele lago cheio de iates e lanchas e com aguas tão azuis, que me fez lembrar o filme Lagoa Azul. Claro que a Brookshields eu dispensaria. 
 
 
 
 
Logo mais fomos dar um passeio de  2 horas de barco. Um pouco monótono, porque pára muito e vai pegando os residentes das cercanias de Zurique, mas foi bom para que tivessemos uma idéia do estilo helvético de viver. A sensação que temos, ainda mais sendo turista, é que a vida na Suíça e problem-free, ou seja, perfeita. Ledo engano! Mas será que a vida seria tão excitante se não houvessem problemas?
 
 
Esta coluna eu gostaria de dedicar a minha tia-prima Gorete, que há dois anos nos deixou. Aliás, ela partiu, mas será sempre eterna e presente em nossas vidas. Gorete, te amo.
 
 
 
 
Como ir:
Do Brasil a Suíça é um pulo: 11 horas de vôo até Zurique. Todas as companhias européias têm vôos diários para lá.
Vistos:
Brasileiros ficam isentos. Só precisam de um passaporte com validade de 6 meses. E claro, passagem de ida e volta.
Na bagagem:
Um marido rico pra você poder gastar até cansar.
O que comprar:
Se não der para comprar jóias e relóginhos fantásticos, que tal chocolate? Sei que engorda, pode causar acne, mas chocolate é terapeutico. Há cada chocolatier melhor que a outra. 
Próxima Coluna: Cingapura
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Crédito:Daniel Reynolds

Autor:Daniel Reynolds

Fonte:Universo da Mulher