Rio de Janeiro, 18 de Maio de 2024

Poema de papel

Livro

Abres um livro
pões-te a lê-lo.
Folheias,
marcas,
sublinhas, se calhar.

Viras-lhe a capa
desdobras
as bandas, se as tiver,
e colocas o livro
no lugar.


 

Folhas

Passas os dedos
no papel claro,
nas linhas finas,
nas notas por apagar.

Vês as frases,
com ou sem rumo,
e és quem decide:
recuas ou deixas-te levar.


 

Texto

Enfim prosseguiste
na viagem ao livro,
no rasto das palavras.
Uma corrente de letras
quer fazer-te render
de uma às outras páginas.

Se o conto te envolve
já estás enredado
dentro dessa história.
Esquecido do mundo,
reflectes no que lês,
constróis mil imagens.

No mergulho ao texto,
que dás sem sentir,
enrola-se a trama.
E então não és tu,
já sem saberes de ti,
mais do que as personagens.

 

 

Crédito:Helena de Sousa Freitas

Autor:Helena de Sousa Freitas

Fonte:Universo da Mulher