Rio de Janeiro, 19 de Maio de 2024

Diagnóstico da depressão é complexo, inclusive para médicos

Apesar de atingir uma grande parte da população – 121 milhões de pessoas no mundo, sendo 17 milhões apenas no Brasil –, a depressão, muitas vezes, não é diagnosticada nem tratada de maneira adequada. Hoje a doença é a quarta causa global de incapacidade e deve se tornar a segunda até o ano de 20201.
 
Além disso, a Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 75% das pessoas com depressão não recebem tratamento adequado2.
 
 
A falta de informação sobre a depressão e seu estigma são importantes fatores para o crescimento dos números mencionados acima. Inclusive os médicos enfrentam desafios para entender e diagnosticar a doença, principalmente quando existem sintomas físicos associados ao quadro clínico.
 
 
Uma pesquisa coordenada pela Federação Mundial para Saúde Mental, com apoio dos laboratórios Boehringer Ingelheim e Eli Lilly, chamada Testando os Médicos4, revela que apenas 1/3 dos clínicos gerais acredita que a faculdade de medicina ofereceu preparo suficiente para diagnosticar a doença na primeira consulta assim como reconhecer e tratar os sintomas físicos e emocionais.
 
 
A pesquisa mostra também que 67% destes médicos demonstram preocupações sobre a possibilidade de um diagnóstico equivocado num paciente que apresenta sintomas de dor, quando na realidade está sofrendo de depressão. Além disso, 48% dos médicos concordam e 39% concordam plenamente que o ensino sobre depressão nas faculdades de medicina deve ser melhorado, enquanto nove entre 10 médicos disseram que o ensino sobre depressão, especialmente sobre sintomas físicos, precisa melhorar. No total, foram avaliados cerca de 500 clínicos gerais com cerca de três a cinco anos de experiência, num período de três meses. A pesquisa entrevistou médicos do Brasil, França, Alemanha, México e Reino Unido.
 
 
Em relação às pessoas que sofrem de depressão, muitas não buscam ajuda porque não relacionam os sintomas à doença e costumam ignorá-los, principalmente quando se tratam de dores que não estão associadas a qualquer outra condição clínica – como dores de cabeça ou nas costas. Outra pesquisa realizada em 2005 para a Federação Mundial para Saúde Mental chamada Depressão: A Verdade Dolorosa3 mostra que quase 75% dos indivíduos deprimidos não acreditam que dores físicas inexplicáveis (sem causa clínica) representam sintomas da depressão.
 
 
Mesmo assim, a maioria dessas pessoas consultou um médico justamente por causa das dores – isoladas ou combinadas com sintomas emocionais. Ainda de acordo com a pesquisa, o tempo médio de sofrimento destas pessoas até procurar um médico é de um ano, sendo que todas elas passaram por cerca de cinco consultas antes de receber o diagnóstico de depressão.
 
 
Sobre a depressão
 
 
A depressão não é apenas um transtorno de humor. Os sintomas vão além de tristeza, ansiedade, angústia e perda de interesse, podendo apresentar sintomas físicos como dores inexplicáveis pelo corpo sem causa clínica definida, alterações gastrintestinais, no sono e no apetite, dor de cabeça, entre outros. A depressão afeta o corpo todo e interfere na habilidade do paciente em trabalhar, estudar, comer, dormir e apreciar atividades antes agradáveis.
 
 
A causa da doença ainda é desconhecida. Uma das teorias mais aceitas é que a depressão é conseqüência de uma disfunção no sistema nervoso central, que diminui e desequilibra as concentrações de dois neutransmissores (a serotonina e a noradrenalina), responsáveis pelo aparecimento dos sintomas físicos e emocionais mencionados anteriormente.
 
 
Apesar de ser uma doença séria e de difícil diagnóstico, existem tratamentos eficazes para a depressão. Os mais comuns envolvem psicoterapia e medicamentos e, para que haja o desaparecimento completo dos sintomas, é preciso que seja aplicado um tratamento completo. Um dos mais recentes antidepressivos, a duloxetina, atua simultaneamente na recaptação de serotonina e noradrenalina, agindo sobre os sintomas emocionais (tristeza, ansiedade, humor depressivo) e físicos (fadiga, alteração de peso e sono, dores de cabeça, nas costas, no pescoço, entre outras) relacionados à depressão. A duloxetina, medicamento dos laboratórios Boehringer Ingelheim e Eli Lilly, foi estudada, até o momento, em mais de 6.000 adultos com depressão, recebeu aprovação da ANVISA (Angência Nacional de Vigilância Sanitária) e do FDA (Food and Drug Administration) e é comercializada em mais de 40 países, entre os quais Estados Unidos, México, Reino Unido, Alemanha e África do Sul.

É importante ressaltar, porém, que não se deve usar nenhum medicamento sem prescrição e rigoroso acompanhamento médico. Os pacientes com depressão devem também ser encorajados a modificar seus hábitos diários: realizar atividades físicas regulares, manter um período satisfatório de sono diário, ter uma boa alimentação e evitar o uso de substâncias como anorexígenos, álcool e tabaco.
 
 
 
Referências:
 
 
1. Murray CJL, Lopez AD, eds. The Global Burden of Disease; 1996
 
2. Organização Mundial da Saúde. Ficha técnica- Depressão, 2005. Disponível no
 
3. Pesquisa ‘Depressão: A Verdade Dolorosa’. Conduzida pela Harris Interactive entre 21 de fevereiro e 11 de abril de 2005. Disponível em: http://www.wfmh.org/PainfulTruthsurvey.htm
 
4. Pesquisa ‘Testando os Médicos’. Conduzida pela Harris Interactive entre 21 de abril e 3 de julho de 2006. Disponível em: http://www.wfmh.org/Medicssurvey.htm
 

Crédito:Anna Beth

Autor:Carolina Pires Bezerra

Fonte:Fundamento Comunicação Empresarial