Campos - O que parecia coisa de novela aconteceu nas famílias de Miriam Anderson e Ana Cláudia Maciel: elas descobriram, após 31 anos, que houve uma troca na maternidade onde nasceram, em Campos, no Norte Fluminense, e que uma foi criada pela mãe da outra.
Dúvida surgiu há 14 anos, quando uma das jovens assistia à aula de Biologia
As dúvidas surgiram quando Miriam, aos 17 anos, descobriu, durante aula de Biologia, que o sangue dos pais não era compatível com o seu. Um exame sangüíneo comprovou que ela não poderia ser filha de Elisa Peçanha Anderson.
A gente não falava muito no assunto. Minha mãe ficava chateada, e meu pai dizia que haviam me trocado na maternidade ou eu era filha de outro. O casamento ficou abalado, e eles se separaram, contou a corretora de imóveis Miriam.
Após anos de angústia, Miriam e a família procuraram a TV e pediram ajuda para esclarecer a situação.
Uma emissora de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, onde elas moram, colaborou, mas a solução veio em fevereiro, no programa Balanço Geral, da Rede Record, apresentado pelo deputado estadual Wagner Montes.
Ana Cláudia assistiu à reportagem e percebeu que Miriam tinha nascido no mesmo dia e na mesma maternidade que ela a Beneficência Portuguesa de Campos. Desconfiada, alertou a mãe, Ana Maria Maciel, e entrou em contato para tirar dúvidas.
EXAME DE DNA
Um exame de DNA realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Norte Fluminense e divulgado segunda-feira pelo coordenador-geral do Núcleo de Diagnóstico em Investigação Molecular, Enrique Medina, tirou a história a limpo. Mãe e filha resolveram ir a Campos.
Quando nos olhamos, percebemos algo errado. Vimos muitas semelhanças e que tinha tudo para termos sido trocadas, contou Miriam. Estou muito abalada, mas vou me adaptar. Ela é muito parecida comigo. Ainda bem que ela mora longe, porque se eu a visse na rua, ia ficar apavorada, contou Ana Cláudia, sobre sua nova mãe.
Miriam tentou, ainda em Campo Grande, um contato com o hospital, mas só em Campos achou a resposta: Eles disseram que guardam os documentos só por 20 anos.
Estou em estado de choque porque nunca passou pela minha cabeça que minha filha era trocada. Não consigo comer e estou tomando até remédio. Meu marido está revoltado, disse Ana Maria Maciel, contando que a nova filha será muito bem-vinda.
Elas não pretendem trocar de família, mas disseram que vão manter contato.
Crédito:Luiz Affonso
Autor:Bruna Capistrano
Fonte:O Dia