Rio de Janeiro, 19 de Maio de 2024

ANVISA libera venda de Creatina no Brasil como medicamento tarjado

ANVISA libera venda de Creatina no Brasil

Precificação do produto foi divulgada no última semana e permite que a substância seja comercializada como medicamento tarjado e controlado por receita médica


Após 7 anos de proibição e um incansável debate entre a ANVISA, a indústria de suplementos alimentares e o setor academico, a Creatineâ finalmente teve sua comercializacao liberada no Brasil como medicamento tarjado e controlado por receita médica. Embora a resolução nº 1.226 tenha sido publicada em abril do ano passado, somente no último dia 16/03 é que a ANVISA publicou a precificação do produto, ou seja, os parâmetros do preço para venda ao consumidor final.

“No caso de medicamentos, a legislação determina que a ANVISA é responsável por regular o preço de mercado, estipulando os valores mínimo e máximo para o comércio. Essa regulação, chamada precificação, levou quase um ano para ser elaborada devido a ausência de parametros no mercado”, explica o gerente de marketing da Probiótica Laboratórios, Marcelo Bella 

Maior fabricante de suplementos alimentares e esportivos da América Latina, a Probiótica foi a primeira empresa do setor a obter o registro de Laboratorio Farmacêutico.  

E o seu produto, o Creatineâ , foi o primeiro a ser registrado como medicamento comercial. “Temos licença da ANVISA para produzir o produto Creatineâ e já o revendemos para mais 22 países, onde o uso já era permitido, como EUA, Canadá, Alemanha, França e Japão. Agora, vamos iniciar a distribuição para o mercado brasileiro, iniciando pelo mercado farmacêutico”, afirma Bella. 

A Creatineâ é uma molécula encontrada no corpo humano e obtida através da ingestão de carne e peixe. É essencial no processo de fornecimento de energia, sendo útil, portanto, em casos onde exista uma necessidade de reposição rápida de energia. 

A suplementação de Creatineâ contribui ainda com o ganho de massa magra para todos os casos, esportes ou modalidades onde isso seja útil ou necessário. Seja um idoso que treina casualmente para fortalecer os músculos e melhorar o estilo de vida, um atleta amador que quer melhorar o rendimento de seus treinos, ou um profissional que busca melhores resultados na carreira, todos podem ser beneficiados pelo uso da Creatineâ. 

Para Érico Caperuto, mestre em fisiologia humana e doutor em biologia celular e tecidual pela USP, e diretor técnico do Instituto de Ciência em Nutrição e Performance, a liberação é tardia e imperfeita, já que a substância só poderá ser vendida com prescrição médica, e não regulada como alimento, como ainda defendem especialistas em suplementação alimentar. “Ainda assim, a medida demonstra flexibilização e modernização da ANVISA, que, ao menos, se abriu ao debate e compreendeu os benefícios do uso da Creatineâ“, afirma Caperuto. 

O debate, no entanto, ainda nao chegou ao fim: na sexta-feira (26) foi realizada a Consulta Pública 60, que pode trazer a Creatineâ de volta a sua classificação inicial: alimento para atletas e praticantes de atividades fisicas. 

“Nenhum efeito colateral ligado ao uso da substância foi comprovado até hoje. A decisão da ANVISA se baseava em um antigo laudo da vigilância sanitária francesa. Diversos estudos já provaram as falhas técnicas desse laudo, tanto que a substância é largamente difundida e consumida no resto do mundo“, explica Caperuto. 

A desinformação é a principal inimiga da substância e o principal motivo para sua má reputação. “Os efeitos são tão benéficos que as pessoas se tornam céticas”, comenta Caperuto. A orientação médica pode acabar com as dúvidas e a Creatineâ, depois de martirizada, finalmente pode mostrar suas qualidades. 

Caperuto sugere a dosagem: “Na primeira semana a ingestão é de 20g por dia, quantidade divida em quatro doses de 5g. Nas três semanas seguintes, 5g diárias bastam para que os efeitos sejam sentidos. A ingestão acompanhada de carboidrato auxilia na absorção, assim como o uso durante o treino”, finaliza o especialista.


Histórico

Classificada inicialmente como alimento para atletas e praticantes de atividades físicas, a substância se tornou popular no Brasil até que, em 1998, a ANVISA optou por alterar sua classificação. Com uma liminar concedida pelo Ministério Público, a indústria de suplementos alimentares continuou a comercializar Creatineâ até que, em 2003, a liminar foi suspensa e a venda de produtos, com Creatineâ como principio ativo, proibida.

 

Crédito:Cris Padilha

Autor:Luiz de Queiroz

Fonte:Universo da Mulher