Rio de Janeiro, 30 de Abril de 2024

SITE DA REVISTA ELLE TRAZ OS DESTAQUES DO SPFW NO FIM DE SEMANA

         


Como em todas as edições do São Paulo Fashion Week, a Elle está acompanhando os desfiles e comentando cada um deles. A seguir, comentários de alguns dos principais desfiles realizados na sexta, sábado e domingo. O texto na íntegra (assim como as fotos, de todas as apresentações) pode ser encontrado na página da revista Elle:

http://elle.abril.com.br/spfw/inverno2008/

 

Ilha da Fantasia

No mundo de Lino Villaventura o que não falta é uma boa festa. O estilista, que completa 30 anos de carreira nesta temporada, continua investindo no que fez a sua fama: vestidos extremamente elaborados, com riqueza de detalhes e requinte de alta-costura. Homenageando mulheres completamente distintas – de Carmem Miranda à Madame Pompadour, trinta foram as escolhidas – Lino abusou de longos de seda e tule plissado, bordados a máquina e rebordados manualmente com cristais Swarovski (minimalismo definitivamente não é uma palavra que entre em seu vocabulário). Os toques orientais também apareceram em formas ajustadas e golas típicas, assim como a exuberância da natureza, mostrada em ícones da beleza, como o pavão e a borboleta. Nos pés, sapatos pesados e amarrados com telas de cetim; e nas cabeças, mais tule com fios de cobre, em pseudochapéus. É uma moda show, daquelas que muitas vezes não sai da passarela, mas que é bonita de se ver.

 

Essência Pura

A coleção de inverno da Raia de Goeye não tem um tema definido. Partiu de vontades das estilistas Fernanda de Goeye e Paula Raia que, grávida do segundo filho, optou por fazer uma apresentação pequena, para pouquíssimos convidados, na própria loja da dupla. As referências eram díspares: a imagem de um esquimó, a tradicional poltrona inglesa Chesterfield, caçadores, luzes medievais. Mas o resultado funcionou – e muito. Todos os elementos característicos da marca estavam lá: as calças com bolsos grandes e cavalos mais baixos, as enormes fendas laterais nos vestidos longos, o comprimento míni, as golas máxi, as tachas no couro. Era Raia de Goeye em sua melhor essência, renovada por lindas cores, como a “lipstick”, uma tonalidade entre o laranja e o coral, e o petróleo. Tem tudo para agradar em cheio as consumidoras e deixar em breve as araras da loja, esvaziadas especialmente para o desfile, novamente vazias.

 

   

 

 

Moda Mensagem

O desfile transcorreu em silêncio. Uma sirene avisou que era hora de começar. Os modelos desceram para a margem do rio Tietê, ali onde bóia o lixo e corre ratos

e baratas. O ambiente, desnecessário dizer, era feio. Desolador até. A roupa, ao contrário, estava linda. O time da Cavalera revirou os próprios baús. Pescou tecidos antigos, xadrezes e listrados, entre outros, e transformou em vestidos longos inspirados em camisas masculinas. Na verdade, pareciam feitos de um mosaico de camisas. E eram lindos. As estampas meio românticas, com perfume vintage, fizeram um ótimo casamento com as outras, de padronagem masculina. A cartela de cores fez com que ora as roupas – em tons terrosos – se camuflassem

à paisagem, ora saltassem aos olhos graças à gama de azuis e verdes. Os modelos perambulavam. A sirene tocou de novo. Os estilistas mereceram cada aplauso caloroso que receberam.

 

   

 

Gueixa Tropical

Ligadérrima na sua origem da terra do Sol Nascente, Erika Ikezili elegeu a história da primeira japonesa nascida no Brasil como “desculpa” para desconstruir o quimono em peças mil (saia, blusa, casaco) e tropicalizar tudo. Sua marca registrada – o origami, que constrói volumes nas peças – desta vez foi desbancado por uma novidade tecnológica: o tecido ‘persiana’, que já vem plissé de fábrica – “um alívio ter a prega pronta”, disse a estilista nos bastidores minutos antes de o desfile começar. Vestidos, boleros, bermudas levaram tecidos diversos, entre eles tafetá, tule de malha, tricoline com elastano, renda, arrematados por tiras de jacquard dourado e passamanaria. Tudo misturado num patchwork excessivo de texturas e estampas, que acaba por esconder o trabalho de modelagem que pode ser uma das forças dessa estilista. Melhor mesmo são as calças de alfaiataria, de cintura baixa, botões dourados e bolso faca – uma alternativa em preto ou bege para quem não quer embarcar nas calças setentonas que vem por aí.

Crédito:Cris Padilha

Autor:Thais Martins

Fonte:CR Comunicação