Rio de Janeiro, 28 de Março de 2024

Mulheres fumam mais

As meninas fumam mais
 
 
Número de adolescentes fumantes do sexo feminino é 20% maior

Insegurança, ansiedade e rebeldia são três fatores que não justificam, mas podem esclarecer os motivos pelos quais o número de meninas adolescentes fumantes, entre 13 e 18 anos, é mais de 20% maior que o de garotos.

O dado é resultado de uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Cardiologia em escolas públicas de São Paulo. A instituição entrevistou 2.829 estudantes do Ensino Fundamenta e Médio. Nela, quase 10% dos alunos fumam, sendo 61% meninas e 39% meninos. Entre as garotas, 11% fumam a menos de um ano; 59% entre 1 e 3 anos; 28% entre 4 e 6 anos; e 2% mais do que 6 anos.

 

O índice, embora restrito, é coerente com o foco da campanha da Organização Mundial da Saúde para 2010: diminuir o número de mulheres dependentes do cigarro no mundo. Silvia Cury, cardiologista do Hospital do Coração e integrante do Comitê Antitabaco da SBC, coordenou a pesquisa. Para ela, os resultados refletem a relação emocional que a mulher tem com o tabaco.

“Nessa fase, as desilusões, inseguranças e necessidade de pertencer a um grupo especifico acabam sendo compensadas com a sensação de prazer, satisfação que a nicotina dá. A mulher se deprime mais que o homem. O cigarro supre certos dramas emocionais mais típicos delas.”

Os dados não apresentam uma realidade apenas paulista. Segundo a especialista, o uso do cigarro entre as meninas têm aumentado mundialmente. Para ela, o público jovem é constantemente seduzido pela indústria do cigarro. Embora as campanhas publicitárias sejam proibidas no Brasil há mais de cinco anos, as mensagens subliminares estabelecendo uma imagem ‘descolada’ do cigarro são recorrentes.

“As marcas de cigarro estão sempre patrocinando festas para o publico jovem. A relação entre o esporte e o cigarro também é constante. As cores do cigarro por vezes então presentes em locais, espaços freqüentados por universitários, sempre ligados a atletas, artistas da moda. A influência é indireta, velada, mas existe e conquista.”

A briga entre a medicina e a indústria tabagista é constante e, ao que tudo indica, será eterna. Silvia revela que o foco no público jovem e feminino é uma estratégia para arrebatar novos adeptos ao cigarro. “As marcas reconhecem quem está apto ao vício. As empresas investem em produtos light, com baixos teores de alcatrão e nicotina, com forte apelo entre as mulheres. Os riscos destes produtos são os mesmos”, afirma.

 

Crédito:Cris Padilha

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Fonte:Universo da Mulher