Rio de Janeiro, 03 de Maio de 2024

Terceira idade

Alerta: hidrocefalia de pressão normal pode ser confundida com mal de Alzheimer
 
Doença se manifesta em pacientes a partir dos 60 anos, porém, se diagnosticada precocemente e tratada, pode ter os sintomas revertidos de forma satisfatória O recurso mais moderno é a implantação de uma válvula programável que drena o acúmulo do fluído cerebral na quantidade apropriada
 
A hidrocefalia é uma doença caracterizada pelo acúmulo anormal do líquido cefalorraquidiano contido no crânio. Geralmente, é diagnosticada ainda na infância ou até durante a gestação, na fase intra-útero. O tratamento é realizado cirurgicamente e consiste na drenagem do líquido acumulado, por meio, geralmente, da implantação de válvulas capazes de manter o processo de drenagem que o organismo não é capaz de fazer naturalmente. Este  recurso  possibilita ao paciente manter vida normal. No entanto, o que poucos sabem é que uma “nova” forma de manifestação da doença tem se tornado cada vez mais comum: a hidrocefalia de pressão normal (HPN), que acomete pessoas com 60 anos ou mais, e que é, habitualmente, confundida e tratada como Mal de Alzheimer, devido à semelhança dos sintomas. Contudo, a principal diferença é que a hidrocefalia é uma doença tratável e praticamente reversível, se diagnosticada em tempo.
 
 
“Estudos apontam que quando a doença é identificada precocemente, os sintomas podem ser revertidos em 80% dos casos se o tratamento for ministrado corretamente. Em alguns casos, o resultado do tratamento é 100% satisfatório”, explica a  gerente da Unidade de Negócios Codman da Johnson & Johnson Produtos Profissionais, Simone Langue. Um dos recursos mais modernos, comprovadamente eficaz e disponível  hoje no mercado, é a implantação de uma válvula programável, denominada Hakin, que permite a drenagem em quantidade adequada do líquido acumulado. No Brasil, o produto está disponível há cerca de cinco anos e, nos Estados Unidos, foi aprovado pelo FDA (Food and Drugs Administration) em 1999. Na Europa é utilizada desde 1990. “Um estudo realizado no Japão comprova que 80% dos pacientes que utilizaram este recurso tiveram os sintomas da doença revertidos após três meses de uso.”, diz Simone
 
 
Para o neurocirurgião Luiz Carlos de Alencastro, um dos poucos especialistas no Brasil que se dedica ao estudo da hidrocefalia de pressão normal, a principal dificuldade com relação à doença é o fato do diagnóstico preciso ser tardio, uma vez que os sintomas são muito similares aos da doença de Alzheimer (degeneração cerebral manifestada principalmente por sintomas de demência). “Muitas vezes, o diagnóstico da hidrocefalia de pressão normal é realizado apenas quando a doença já está evoluída, reduzindo com isso, as margens de regressão dos sintomas, pois muitas vezes, o déficit já é definitivo” ressalta.
 
 
Os principais sintomas da doença são os déficits cognitivos (falhas na memória, dificuldades de cálculo, raciocínio lento, dificuldade para reconhecer familiares, sintomas semelhantes aos da demência senil); problemas motores (dificuldade de locomoção, lentidão nos movimentos, desequilíbrio progressivo ao caminhar) e déficit esfincteriano (incontinência urinária e fecal).
 
A incidência da hidrocefalia de pressão normal cresce a cada dia. Estima-se que um quarto dos americanos que apresentam sintomas de demência relacionados ao Alzheimer ou ao mal de Parkinson, pode apresentar a HPN.
 
“No caso da hidrocefalia de pressão normal, como o nome diz, a pressão intracraniana é normal, porém oscila com freqüência, torna-se elevada e apresenta picos, geralmente no período noturno. Pode também ter múltiplas causas: ser crônica ou ainda fruto de traumas com sangramentos, de processos infecciosos intracranianos, de hemorragias, entre outras ocorrências. Em muitos casos, a causa não é descoberta, porém, se o tratamento ocorre em tempo hábil, os sintomas desaparecem e o paciente leva uma vida normal”, detalha Luiz Carlos Alencastro. 
 
 
Diagnóstico
 
A hidrocefalia de pressão normal é identificada por meio de exames clínicos e  de diagnóstico por imagem, como tomografia computadorizada e ressonância magnética, que apontam a dilatação dos ventrículos (cavidades do cérebro). Outros exames como  a mensuração do fluxo liquórico, punção do líquor, entre outros também são realizados. A incidência da doença aumenta com o avanço da idade, porém são raros os casos em que o problema se manifesta antes dos 60 anos de idade. A doença afeta brutalmente a qualidade de vida, pois pode incapacitar totalmente o paciente. A evolução se dá de forma gradativa, porém, tem conseqüências graves (pode resultar em dificuldades respiratórias severas, tromboses, AVC – acidente vascular cerebral, entre outros problemas) se não tratada de forma eficaz.
 
 
Eficácia do tratamento
 
Quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de sucesso do tratamento. “Embora não seja possível precisar que grupos de sintomas poderão ser revertidos integralmente, com a implantação da válvula programável, a grande maioria dos pacientes volta a ter vida normal”, ressalta o neurocirurgião  Luiz Carlos Alencastro. Ele explica que quanto maior o tempo em que a pressão intracraniana fica alterada, maior a chance do dano definitivo nos neurônios, pois a reversão da doença depende do sistema de células vivas e sadias do sistema neurológico.
 
 
O tratamento mais eficaz disponível hoje no mercado é o implante de válvula intracraniana, responsável pela drenagem do excesso do líquor. O dispositivo leva o líquor normalmente para o peritônio, na região abdominal, onde será reabsorvido naturalmente pelo organismo, ou ainda, drenará o líquido para uma veia que transporta o sangue, misturando as duas substâncias sem prejuízos ao paciente. A técnica varia de acordo com o quadro do paciente. No caso específico da válvula programável Hakin, um dispositivo cuja tecnologia é exclusividade da Johnson & Johnson Produtos Profissionais, o principal benefício recai sobre o fato de que o paciente pode ser submetido a apenas um procedimento cirúrgico, para a implantação da mesma.
 
 
Um dos principais benefícios e diferenciais desta válvula é que através de um processo indolor, não invasivo e rápido (com duração de poucos segundos), pode-se fazer o ajuste ideal de pressão para cada paciente. Esta é a única válvula que possui ajuste fino, com 18 diferentes níveis de pressão, o que permite precisão na programação e resultados superiores.
 
 
“Uma vez que a válvula esteja implantada no paciente, o ajuste se dá no consultório do médico, em poucos segundos, de forma extracorpórea, não apresentando nenhum desconforto para o paciente. O controle da pressão intracraniana e do processo de drenagem é preciso com a válvula programável”, afirma o gerente da Unidade de Negócios Codman da Johnson & Johnson Produtos Profissionais  Simone Langue.
 
 
Hidrocefalia na infância
 
O dispositivo programável é indicado também para casos da hidrocefalia , diagnosticada ainda na infância e pode ser implantada até durante a gestação, na fase de desenvolvimento fetal intrauterina. A incidência da doença na infância é de um caso para cada mil nascimentos. O principal benefício da válvula Hakin utilizada em crianças é a redução da necessidade de cirurgias, pois nos casos em que ocorre a utilização de válvulas convencionais com pressão fixa, a criança é submetida a três a quatro cirurgias, em média,  ao longo de seu desenvolvimento, para adequar a pressão e a capacidade de drenagem do dispositivo. “Há casos em que o paciente é submetido a um número maior de procedimentos”, afirma Simone.
 
 
 
 

Crédito:Luiz Affonso

Autor:Andréa Moraes

Fonte:Universo da Mulher