Rio de Janeiro, 25 de Abril de 2024

Câncer Ginecológico

Câncer Ginecológico

Bem mais perto da vitória

 

A experiência mostra que os progressos da Medicina, aliados à força do diagnóstico precoce, conseguem aumentar as chances de cura dos tumores que atingem exclusivamente a mulher.


Pergunte a uma amiga ou parente se conhece alguém que teve câncer. Dificilmente a resposta será negativa. Mas a Medicina continua ganhando terreno na luta contra a doença que é a segunda causa de morte no planeta. Atualmente, quatro em cada dez pacientes de câncer ficam completamente curados. Dez anos antes, apenas duas pessoas venciam essa batalha. A arma mais importante para ganhar a batalha contra o câncer é a detecção precoce.
 
Segundo a Drª. Nara Mattia, ginecologista e mastologista, entre as mulheres, os tumores de maior incidência são os de mama, pulmão, colo do útero, intestino e estômago, sem contar os casos de câncer de pele. Em geral, o número de novos casos não varia muito em cada país, mostrando que essa doença não faz discriminação social. A grande exceção é o tumor de colo do útero, que diminui nos países mais desenvolvidos, mas permanece sendo o tipo que mais mata nas regiões pobres do Brasil. Nas grandes cidades, o câncer de mama está entre as principais causas de mortalidade feminina. Mas esperar que as mulheres se previnam é um desafio.

 

O câncer é uma doença do gene responsável pela reprodução das células, o oncogene. Quando ele se torna defeituoso, as células começam a se multiplicar de maneira descontrolada, formando tumores. Se a doença progredir, as células escapam para outros lugares do corpo, originando as metástases. Os genes podem se alterar por fatores hereditários, por mutações na divisão celular, ligadas ao processo de envelhecimento, fatores químicos, pelo ataque de alguns vírus como o HPV (relacionado ao câncer de colo do útero), pela ação de radiações (como ultravioleta, proveniente do sol e associada ao câncer de pele) ou de agentes cancerígenos como o cigarro. Não existe comprovação de que os fatores emocionais estimulem os tumores.

Quando atinge os órgãos, como as mamas, útero ou ovários, o câncer mexe nas profundezas da alma feminina. A cirurgia da mama, realizada sempre que possível com técnicas que preservam ao máximo sua forma pode abalar a auto-imagem e a noção de feminilidade. A histerectomia (retirada do útero) elimina a possibilidade de experimentar a gestação e pode provocar alterações da vida sexual (como o encurtamento de vagina e falta de orgasmo). A remoção das partes atingidas pelo câncer do colo do útero (conização) pode interferir na lubrificação e até modificar a viscosidade do muco vaginal.

Já a extração dos ovários significa tirar as glândulas produtoras dos principais hormônios femininos (o estrógeno e a progesterona), reguladores do ciclo fértil e da menstruação.

Os ovários também fabricam pequenas quantidades de testosterona, o hormônio masculino essencial ao impulso sexual. Sua falência ou retirada antecipa a menopausa.

A alternativa para regular novamente o organismo após essas cirurgias seria adotar a terapia hormonal (TH), avaliada caso a caso e com acompanhamento rígido.

 

Papanicolau            

Estudos indicam que o exame Papanicolaou falha em 30% na detecção dos casos de câncer do colo do útero. Por isso, os especialistas estão estudando novas formas para tentar detectar precocemente esse tumor. Uma das alternativas é o teste de biologia molecular chamado Captura híbrida (disponível nos laboratórios e coberto pelos convênios e seguros saúde), que revela se há contaminação pelo HPV (Human papillomavirus).

 

As pesquisas mostram que o exame de Captura híbrida permite fazer 91% dos diagnósticos do câncer do colo de útero, contra 67% do Papanicolaou.

Tumores de endométrio, a camada que reveste internamente o útero, e do corpo do útero (diferentes do câncer de colo do útero) também não costumam serem diagnosticados apenas pelo exame Papanicolaou. O médico precisa fazer o exame de toque para ver se há aumento do volume uterino, solicitar ultra-som transvaginal e, se houver sintomas, investigar a cavidade uterina com histeroscopia, curetagem uterina, ou recorrer à biópsia do endométrio.

 

Suporte                 

O arsenal de recursos contra o câncer tem drogas sofisticadas que melhoram as chances de vitória, como os medicamentos de suporte para amenizar efeitos colaterais (náuseas, vômitos) da quimioterapia. Especificamente contra o câncer de mama, o raloxifeno (aprovado pela Food and Drug Administration, nos Estados Unidos, para tratamento de osteoporose), comercializado no Brasil com o nome de Evista, está sendo experimentado para prevenir tumores em mulheres de alto risco - as que têm mãe ou irmãs com esse tumor, porque reduz as chances de manifestar o câncer. Outro medicamento, o Tamoxifeno, também liberado pela FDA, é bastante usado com essa finalidade, embora um estudo recente tenha identificado casos em que o remédio, na verdade, acabou colaborando para o surgimento da doença. Os testes genéticos, ou exames de biologia molecular, também são considerados uma ferramenta da medicina do futuro.

Vários desses exames de marcadores moleculares de predisposição já podem ser feitos no Brasil, a exemplo dos testes para câncer de mama e ovário, cólon (intestino), reto e tumores de tireóide. No campo das emoções, grupos de auto-ajuda como o Cora

(Centro Oncológico de Recuperação e Apoio), formado por pacientes e técnicos em câncer, criam espaço para a troca de experiências que tiram do câncer a carga pesada de doença fatal, mostrando que é possível sobreviver a ele.

Crédito:Cris Padilha

Autor:Grazia Nicosia

Fonte:Universo da Mulher