Rio de Janeiro, 28 de Março de 2024

Novembro é o mês de combate ao câncer de pulmão

Câncer de Pulmão
 

Estrutura
O pulmão é um órgão localizado no interior do tórax e é responsável pela respiração.Quando o ar é inspirado pelo nariz ou pela boca, ele passa pela traquéia, que se divide em dois tubos, cada um ligado a um dos pulmões. Eles são chamados de brônquio direito e esquerdo, e se dividem para formar tubos menores chamados de bronquíolos que, por sua vez, carregam o ar pelos pulmões. No final dos brônquios existem milhões de pequenos "saquinhos de ar", denominados de alvéolos. Nos alvéolos o oxigênio é absorvido e entra no sistema sanguíneo para circular por todo o corpo.
 
O dióxido de carbono (CO2) é um gás que precisa ser eliminado do organismo. Por meio do sistema sanguíneo, esse gás volta aos alvéolos e é expirado pelos pulmões. O pulmão direito é composto de três áreas principais, conhecidas como lobos; o pulmão esquerdo só tem dois lobos.  Ambos são revestidos por um tecido consistente de duas membranas chamadas de pleuras.
 
Como todos os outros tecidos e órgãos do corpo, o pulmão é composto por células. Normalmente, estas células se dividem e se reproduzem de forma ordenada e controlada. Quando ocorre uma disfunção celular que altera esse processo de divisão e reprodução, é produzido excesso de tecido que dá origem ao tumor, que pode ser benigno ou maligno.
 
O tumor maligno é câncer e seu crescimento não só comprime, mas também invade e destrói tecidos sadios à sua volta. Além disso, as células tumorais podem desprender-se do tumor de origem e espalhar-se através da corrente sangüínea ou dos vasos linfáticos, para outras partes do corpo, dando origem a novos tumores (metástases). Apesar de outros órgãos terem sido afetados, as células cancerosas desses novos tumores têm as mesmas características das células do câncer de pulmão.
 
Esses novos tumores são chamados de metástases do câncer de pulmão. O tratamento das metástases leva em conta a localização e o tipo de câncer que as originou, além de outros fatores que serão considerados pelo médico.
 
O câncer de pulmão, geralmente, é classificado pela sua aparência histológica (forma que apresenta, vista através do microscópio) em dois tipos:
- câncer de pulmão de células pequenas;
- câncer de pulmão de células não pequenas.
 
Os dois tipos podem crescer e se espalhar de forma diferente e, portanto, são tratados de maneiras diferentes. As células pequenas de câncer pulmonar crescem rapidamente e costumam migrar para órgãos distantes do pulmão, mesmo quando os gânglios linfáticos peitorais ainda não estão afetados.
 
As células não pequenas de câncer pulmonar crescem relativamente devagar e se infiltram nos nódulos linfáticos peitorais antes de se alastrarem para locais mais distantes do corpo.
 
As células não pequenas de câncer são o agrupamento de três tipos de câncer de pulmão:
- Câncer de células escamosas ou carcinoma epidérmico: ocorre geralmente em uma área central do pulmão e, na maioria dos casos, permanece localizado. É relacionado diretamente ao tabagismo.
- Adenocarcinoma: tende a ocorrer como uma lesão periférica com tendência a migrar para os nódulos linfáticos locais e à distância. Esse tipo de câncer também ocorre em pacientes não-fumantes, numa menor escala, e é mais comum entre mulheres.
- Câncer de células grandes: são, em geral, lesões em regiões periféricas, com propensão de migrar para os gânglios linfáticos e órgãos distantes. É mais raro do que o adenocarcinoma e do que o câncer de células escamosas.
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Estatísticas
O câncer de pulmão é o tumor maligno mais freqüente no mundo – estima-se que 12,3% de todos os casos novos de câncer – e também é a causa de morte por câncer mais freqüente.
1,3 milhões de pessoas recebem o diagnóstico de câncer de pulmão por ano  
1,1 milhão de pessoas morrem em conseqüência de um câncer de pulmão
idade ao diagnóstico é em torno de 68 anos para os homens e 66 anos para as mulheres
no passado, doença que afetava homens, porém, com incidência aumentada entre as mulheres atualmente
No Brasil, o câncer de pulmão é a primeira causa de morte por câncer em homens e a segunda em mulheres. De acordo com dados oficiais do INCa (Instituto Nacional do Câncer) para 2008-2009, serão 27.270 casos de câncer no país: 8.460 (mulheres) e 17.810 (homens) 
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Fatores de Risco e Prevenção
Pesquisadores já descobriram diversas causas que geram um tumor nos pulmões, sendo a maioria relacionada ao consumo de tabaco:
 
*Cigarros: a fumaça do cigarro causa câncer, pela presença de substâncias maléficas – chamadas carcinogenes – que danificam as células do pulmão. A probabilidade de um fumante desenvolver o câncer está condicionadas à época que o indivíduo começou a fumar, ao número de cigarros que ele fuma por dia, bem como ao quanto de fumaça o fumante inala ao fumar. Aproximadamente 90% das pessoas que tiveram câncer de pulmão são ou já foram fumantes. Embora não seja possível prever quando um fumante desenvolverá o tumor, o risco diminui quando há negação do vício; de qualquer modo, o risco de desenvolver a doença ainda será maior do que em pessoas que nunca fumaram. O mesmo é válido para cachimbos e charutos.
 
*Fumante passivo: chance de desenvolver câncer de pulmão é aumentada pela exposição à fumaça do tabaco no ambiente, o que é chamado de fumo passivo.
 
*Doenças pulmonares: certas doenças pulmonares, tais como tuberculose, aumentam a chance das pessoas desenvolverem câncer de pulmão. O câncer de pulmão tende a surgir em áreas de cicatrizes da tuberculose
 
*Histórico pessoal: uma pessoa que teve um câncer de pulmão uma vez tem maior chance de desenvolver um segundo câncer de pulmão em comparação a uma pessoa que nunca teve câncer de pulmão.
 
*Asbesto: nome de um grupo de minerais que ocorrem naturalmente como fibras e são usadas em certas indústrias. As fibras ficam em suspensão no ar e podem ser inaladas aumentando o risco de câncer de pulmão em três a quatro vezes nos trabalhadores expostos. O risco de câncer de pulmão aumenta ainda mais nos trabalhadores que fumam. 
 
*Radônio: gás invisível sem cheiro, e sem gosto que ocorre naturalmente no solo e rochas. Pessoas que trabalham em minas estão mais expostas a esse composto.
 
*Poluição: pesquisadores encontraram uma ligação entre o desenvolvimento de um câncer nos pulmões e a exposição a determinados poluentes do ar, como aqueles provenientes da combustíveis fósseis. Entretanto, uma vez que essa relação ainda não está muito bem definida, mais pesquisas vem sendo realizadas para determinar o risco dos poluentes presentes no ar.  
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Sintomas
A grande dificuldade em detectar o câncer de pulmão em seu estágio inicial é a semelhança dos sintomas provocados pela doença e de sinais que são comuns ao fumantes.
De qualquer modo, os mais freqüentes são:
Tosse e/ou rouquidão contínua e persistente
Dores persistentes no peito e nas costas
Sangue no catarro
Respiração curta
Inchaço no pescoço e na face
Fadiga
Perda de apetite e de peso
Redução da capacidade física
Crises freqüentes de bronquite e pneumonia
A presença de um ou mais desses sintomas não significa, necessariamente, que se está com câncer de pulmão; eles podem ser causados por diversas doenças.
Se alguns desses sintomas permanecerem por mais de duas semanas, o indivíduo deve consultar o médico para que o problema seja diagnosticado e tratado o mais cedo possível.
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Diagnóstico
Para encontrar a causa de determinado sintoma, o médico irá avaliar o histórico pessoal, histórico relacionado ao tabagismo e exposição a substâncias ambientais e ocupacionais, além do histórico familiar de câncer.
 
O médico também realiza um exame físico e pode pedir uma radiografia de tórax e outros testes. Se o câncer de pulmão é suspeitado, a citologia de escarro – exame microscópico das células obtidas numa amostra de escarro –  é um teste simples que pode ser útil para detectar o câncer de pulmão.
 
Para confirmar a presença de câncer de pulmão, o médico deve examinar, contudo, o tecido do pulmão; para obter este tecido, podem ser feitos alguns exames:
Broncoscopia – o médico coloca um aparelho (broncoscópio) através do nariz ou da boca para examinar os brônquios. Através deste tubo, o médico pode coletar células ou pequenas amostras de tecido.
Aspiração por agulha – uma agulha é inserida através da parede do tórax até o tumor para remover uma amostra de tecido.
Toracocentese – usando uma agulha, o médico remove uma amostra de líquido que envolve os pulmões para ver se encontra células cancerosas.
Toracotomia – uma cirurgia para abrir o tórax é algumas vezes necessária para diagnosticar o câncer de pulmão. Este procedimento é uma cirurgia grande realizada em hospitais.
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Estadiamento  
Se o diagnóstico é um câncer, o médico precisa estabelecer o estágio (ou extensão) da doença. O estadiamento é feito para saber se o câncer se espalhou, e se isto aconteceu para que parte do corpo. O câncer de pulmão freqüentemente se espalha para o cérebro, ossos e fígado. O conhecimento do estágio da doença ajuda o médico a planejar o tratamento. Alguns testes usados para ver se o câncer se espalhou:
Tomografia computadorizada do tórax, cabeça e abdome.
Ressonância nuclear magnética (usada apenas em alguns casos).
Mapeamento com radioisótopos
Mapeamento ósseo.
Mediastinoscopia (o mediastino é o espaço entre os pulmões e é para onde o câncer geralmente se espalha em primeiro lugar)
 
Os locais mais comuns de metástases são: pulmão, ossos, cérebro, fígado e supra-renais
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Tratamento
O tratamento depende de vários fatores, incluindo tipo de câncer de pulmão, o tamanho, localização e extensão do tumor, e a saúde geral do paciente. Muitos tratamentos diferentes e combinações de tratamento podem ser usados para controlar o câncer de pulmão e/ou melhorar a qualidade de vida reduzindo os sintomas.
Cirurgia: operação para remover o câncer. O tipo de cirurgia depende da localização do tumor no pulmão. A cirurgia mais comum para câncer de pulmão é a lobectomia, que consiste na retirada de um dos lobos de um pulmão; às vezes é necessária uma pneumonectomia, que é a retirada de um pulmão inteiro. Alguns tumores são inoperáveis (não podem ser removidos pela cirurgia) devido ao tamanho ou localização, e alguns pacientes não podem ser operados por outras razões médicas.
Quimioterapia: uso de medicamentos para matar as células cancerosas pelo corpo. Mesmo depois que um câncer foi removido do pulmão, as células cancerosas podem ainda estar presentes em outros lugares. Quimioterapia pode ser usada para controlar o crescimento do câncer ou para aliviar os sintomas. A maioria dos medicamentos é dada por injeção diretamente na veia (IV) ou por meio de um cateter, um tubo fino que é colocado numa veia grande e permanece lá o tempo que for necessário; alguns medicamentos são dados sob a forma de comprimidos.
 
Radioterapia: uso de raios de alta energia para matar as células cancerosas. A radioterapia é dirigida por uma área limitada e afeta células cancerosas apenas naquela área. A radioterapia pode ser usada antes da cirurgia para encolher um tumor, ou depois da cirurgia para destruir quaisquer células cancerosas que permanecem na área tratada. Os médicos também usam a radioterapia combinada com a quimioterapia como tratamento primário ao invés da cirurgia. A radioterapia pode também ser usada para aliviar sintomas tais como a falta de ar.
 
Anticorpos monoclonais: Erlotinibe é um medicamento que age especificamente sobre as células tumorais, evitando os efeitos colaterais típicos da quimioterapia. O estudo internacional que serviu para a aprovação do medicamento nos EUA, na Europa e no Brasil, denominado BR21, contou com a participação de 140 pacientes brasileiros entre os 731 inscritos de 27 países participantes. Os resultados mostraram que, com a utilização do medicamento, há um aumento de 42,5% na sobrevida.
 
Efeitos colaterais do tratamento: dependem do tipo de tratamento e podem ser diferentes para cada pessoa. Os efeitos colaterais são freqüentemente temporários. Os médicos devem explicar os possíveis efeitos colaterais do tratamento e eles podem sugerir maneiras para ajudar a aliviar os sintomas que podem ocorrer durante e depois do tratamento.
 
A cirurgia para o câncer de pulmão é uma operação grande. Os pacientes necessitam de fisioterapia pós-operatória para recuperar a capacidade pulmonar. Dor ou fraqueza no tórax e no braço e falta de ar são efeitos comuns da cirurgia do câncer de pulmão. Os pacientes podem precisar várias semanas ou meses para recuperar sua energia e força.
 
A quimioterapia afeta as células cancerosas e normais. Os efeitos colaterais dependem do tipo de droga e da dose. Os efeitos colaterais comuns incluem náuseas, vômitos, perda de cabelo, úlceras na boca, e fadiga.
 
A radioterapia, como a quimioterapia, afeta tanto as células normais como as cancerosas. Os efeitos colaterais dependem de parte do corpo que está sendo tratada e da dose do tratamento. Efeitos colaterais comuns são garganta dolorosa e seca; dificuldade de engolir, fadiga; mudanças na pele no local do tratamento; e perda do apetite.
 
 
SOBREVIDA – Em 5 anos:
15% dos pacientes sobrevivem por 5 anos após o diagnóstico
50% quando a doença é descoberta ainda localizada
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Mitos e verdades sobre o câncer de pulmão
Câncer de pulmão é comum.
 
VERDADE
O câncer de pulmão é o mais comum dos tumores malignos. Estima-se que compreende a 12,3% de todos os casos novos de câncer.
Afeta só homens.
MENTIRA
O câncer de pulmão afeta ambos os sexos. O número de homens acometidos pela doença é maior, mas a incidência em mulheres vem aumentando.
Hereditariedade é grande fator de risco.
DEPENDE
É um fator importante, mas não é decisivo. São raros os casos de cânceres que se devem exclusivamente a fatores hereditários.
É grave.
 
VERDADE
A mortalidade é muito elevada. As chances de cura dependem muito da fase em que o tumor é diagnosticado.
É o câncer que mais mata?
 
VERDADE
Isso ocorre porque ele é de difícil detecção e, na maior parte dos casos, quando o paciente procura o médico e descobre a doença, ela já está em estágio avançado.
É incurável?
MENTIRA
Apesar de o tratamento ser difícil nos casos mais avançados, quando é descoberto na fase inicial a chance de cura é alta – cerca de 80%
Parar de fumar reduz risco de câncer em 90%.
VERDADE
O pulmão do fumante nunca voltará a ser como era antes do início do vício, mas pode chegar bem perto disso. Estudos indicam que, 15 anos após o abandono do vício, o organismo se recupera a ponto de reduzir em 90% o risco de câncer de pulmão.
 
A redução do risco só é notada a partir do quinto ano longe do fumo, mas justifica o esforço de abandonar o vício. O risco de câncer é proporcional à quantidade de cigarros consumidos, mas não há tempo, nem quantidade segura. ‘O ideal é não fumar’
O tabaco causa apenas câncer de pulmão?
MENTIRA
O hábito de fumar é a principal causa do câncer de pulmão, laringe, faringe, cavidade oral e esôfago. Também contribui para o surgimento do câncer de bexiga, pâncreas, útero, rim e estômago, além de algumas formas de leucemia.
Fumante passivo não tem risco de ser acometido pelo câncer de pulmão.
 
MENTIRA
Segundo dados apresentados recentemente pela Sociedade Européia de Oncologia (ESMO) e pela OMS, em um congresso em Genebra, Suíça, 80% dos casos de câncer de pulmão no mundo estão relacionados ao tabaco. Particularmente para os fumantes passivos, um dado alarmante: o risco do desenvolvimento de câncer de pulmão é de 25% para companheiros de fumantes e de 17% em ambientes de trabalho. E este dado ganha um peso ainda maior quando se trata de uma doença classificada como epidemia global – o câncer de pulmão é o tipo de câncer que mais mata no mundo (1,3 milhão de pessoas diagnosticadas por ano x 1,2 milhão de mortes).
Os sintomas do câncer demoram a aparecer.
VERDADE
Os sintomas costumam aparecer só quando a doença está em estágio avançado. Tosse persistente, falta de ar e dores no peito são os mais comuns. Outro indicativo de câncer, em pacientes portadores de enfisema pulmonar, é o agravamento repentino da doença.
Em estágio avançado, o câncer de pulmão pode provocar sintomas que aparentemente nada têm a ver com a doença: dores de cabeça ou nos ossos, por exemplo. Isso decorre das metástases, quando, a partir do pulmão, o câncer se espalha para outros órgãos, como ossos, cérebro e fígado.
O diagnóstico depende de vários exames: os primeiros confirmam apenas a existência de um tumor, mas ainda não um câncer. A biópsia confirma o câncer e também é capaz de identificar o tipo. 
O mais comum (75% dos casos) é o de “não-pequenas células”, mas o outro tipo – chamado “de células pequenas” –, é mais agressivo. O tratamento é feito após uma avaliação de cada caso, e pode ser feito com quimioterapia, radioterapia, cirurgia, e mais recentemente, com terapia-alvo, por via oral.
 
Crianças também podem ter?
DEPENDE
Claro que isso não é impossível, mas é bastante raro. Normalmente, esse tipo de tumor acomete pessoas com mais de 40 anos de idade.
O câncer de pulmão é sempre igual.
MENTIRA
Existem dois tipos, dependendo do tipo de células.
Existe o de “não-pequenas células”, que representa 75% dos tumores. Este tipo corresponde a um grupo composto de três tipos histológicos (microscópicos): carcinoma epidermóide, adenocarcinoma e carcinoma de células grandes. Geralmente a disseminação para outros órgãos é lenta.
Existe ainda o “de pequenas células”, que representa 25% dos casos de câncer de pulmão. Tem três subtipos celulares: linfocitóide, o intermediário e o combinado (de células pequenas mais carcinoma epidermóide ou adenocarcinoma). A disseminação para os pulmões e outros órgãos é mais rápida. Tem boa resposta ao tratamento, mas baixo percentual de cura. A maioria dos pacientes apresenta metástase quando é realizado o diagnóstico.
Se é uma doença tão grave, não vale a pena tratar.
MENTIRA
Com o avanço da Medicina, métodos inovadores de diagnósticos e modernos medicamentos vêm sendo incorporados ao tratamento do câncer de pulmão, aumentando significativamente a sobrevida e a qualidade de vida dos portadores deste tipo de tumor.
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Crédito:Luiz Affonso

Autor:Redação

Fonte:ABCâncer