- Terceira edição de pesquisa mundial sobre sexo mostra que o brasileiro é o mais confiante em ter uma vida sexual feliz e satisfatória
- Orientação dos pais a partir dos 10 anos é fator primordial para decisões conscientes sobre sexo e prevenção de doenças
- Pais, e não os amigos, são a fonte de informação sobre sexo em que os jovens mais confiam

– Os brasileiros são os mais confiantes do mundo em ter uma vida sexual feliz e satisfatória, revela a pesquisa internacional The Face of Global Sex: Sexual Confidence (A Face Global do Sexo: Confiança Sexual), promovida pela Durex Network (www.durexnetwork.org).
Os mexicanos ficaram em segundo lugar, com índice de 78,4%, seguido por Nigéria (78,2%), Espanha (76,1%) e África do Sul (75,8%).
Os japoneses figuram em último lugar, com índice abaixo de 54,3%.
Para a realização do estudo científico foram entrevistadas 26 mil pessoas de 26 países nos cinco continentes.
O relatório traz informações sobre a consciência e a confiança das pessoas em relação ao sexo, tem por objetivo oferecer uma perspectiva única sobre as variáveis que influenciam as pessoas a tomarem decisões confiáveis sobre sua vida sexual saudável.
Início da educação sexual:
Sentir-se seguro em relação ao sexo está associado, também, à idade da primeira educação sexual formal.
Segundo a pesquisa, países que oferecem orientação sexual cedo têm menos estigmas e ansiedade em relação ao sexo e a falar sobre o assunto e aponta que a idade da primeira educação sexual formal é diretamente proporcional ao nível de confiança.
O país em que a formação dos jovens acontece mais cedo é o México (12 anos), seguido de Japão (12,3 anos), Áustria (12,4 anos), Dinamarca (12,4 anos) e Alemanha (12,7 anos).
O Brasil ficou em 14º lugar, com os jovens recebendo as suas primeiras instruções por volta dos 13 anos. De acordo com o estudo, a idade ideal para se iniciar a educação sexual seria de dez anos.
Informações sobre sexo:
O Brasil também ficou na primeira colocação (índice de 80%) em relação à segurança em buscar informações sobre sexo, seguido por Áustria (78,1%), México (77,5%), África do Sul (77,4%) e Nigéria (77,1%).
O Japão ficou na última colocação, com índice de 42,4%.
Em relação à principal fonte de educação sexual, o brasileiro segue a tendência mundial tendo os amigos como principal referência (75%), seguidos por revistas (71,4%) e livros (51,9%).
Os pais, em contrapartida, aparecem apenas em sétimo lugar, com 33% das referências brasileiras.
Segundo Miguel Fontes, cientista em saúde pública da Johns Hopkins University, diretor da consultoria de marketing social John Snow Brasil e um dos coordenadores da pesquisa, apesar de não constarem como a fonte mais citada, os pais possuem papel fundamental na orientação sexual dos jovens e são responsáveis pelos maiores níveis de confiança sexual.
“Esta constatação nos surpreendeu, pois os pais são a fonte de informação que tem mais impacto na confiança sexual de uma pessoa. Apesar de falarmos muito de sexo com os amigos, não é a opinião deles que respeitamos”, afirma Fontes.
Gravidez e DST
Apesar de serem os mais confiantes em relação ao sexo, os brasileiros ocupam apenas a 5a posição quando o assunto é evitar doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e a 4a em confiança em como evitar a gravidez.
A primeira colocação nos dois casos é da África do Sul, com 89% de confiança, e a última de Hong Kong e Singapura, respectivamente, com aproximadamente 65%.
Em relação ao Brasil, o estudo apresenta uma descoberta surpreendente neste aspecto: o governo brasileiro é uma importante fonte de orientação sexual para o aumento da confiança na prevenção de DST.
“Isso é um indicativo de que o programa nacional de prevenção à doenças sexualmente transmissíveis é reconhecido pelos cidadãos para melhorar sua confiança em conhecimento e prevenção, atitudes e práticas”, destaca Miguel Fontes.
“Apesar disso, o programa governamental não é efetivo para aumentar os níveis de confiança nos outros quesitos – ter uma vida sexual feliz, saber onde buscar informações e planejamento familiar.”
Essa é a terceira edição da pesquisa The face of Global Sex, que é divulgada anualmente.
Desde 2005, o trabalho tem contribuído como uma referência para profissionais de saúde, institutos, ONGs e órgãos governamentais no estudo e combate das doenças sexualmente transmissíveis.
“Uma das principais contribuições da pesquisa deste ano foi a constatação de que são os pais (e não os amigos, como se imaginava até agora) as principais referências de educação sexual dos jovens”, destaca o vice-presidente da Durex Network, Peter Roach. “É uma referência essencial não só para direcionar as campanhas e políticas de saúde pública como também para uma vida sexual mais saudável.”
“Os resultados orientam os programas de educação sexual para um caminho mais efetivo e soluções mais sustentáveis. Destaco em particular, a importância do trabalho de múltiplas fontes em conjunto para aumentar o conhecimento sobre sexo, que demonstrou ser um fator de sucesso claro em alcançar altos níveis de confiança sexual”, diz o Vice-presidente da Durex Network, Peter Roach.
Nível de confiança em ter uma vida sexual feliz e satisfatória
País | Índice |
Brasil | 80% |
Canadá | 74% |
Itália | 65% |
França | 62,6% |
Japão* | 54,5% |
* Último colocado e com nível muito abaixo dos outros países
Idade da primeira educação sexual formal
País | Idade |
México | 12,1 anos |
Áustria | 12,4 anos |
Brasil | 13,3 anos |
Rússia | 14,2 anos |
China* | 15,4 anos |
* Último colocado
Principais fontes de educação sexual no Brasil
Fonte | Índice |
Amigos/ parceiros | 75% |
Revistas | 71,4% |
Livros e Internet | 51-52% |
Escola | 49,3% |
Programa de TV | 47,5 |
Pais | 33% |
Crédito:Cris Sousa
Autor:Marcio Alves
Fonte:Vanessa Costa