Mudar conceitos e derrubar barreiras da mulher sobre o próprio corpo é uma das metas da ginecologia e sexologia mais discutidas por médicos do mundo todo e muito defendida no recente Congresso Mundial de Ginecologia de Obstetrícia em Santiago no Chile.
Uma pesquisa nomeada Diálogos da Vagina, apresentada por uma das sexólogas mais reconhecidas internacionalmente, a belga Goedele Liekens, deixa claro o alto grau de desconhecimento das mulheres sobre o próprio corpo.
A doutora defende a importância da medicina e da sexologia em contribuir no cotidiano dos consultórios para que mistérios e tabus sobre a vagina possam ser desmistificados e a mulher tire proveito de um maior entendimento sobre seu corpo, podendo aumentar sua satisfação sexual a até entender melhor as vantagens do uso de produtos por via vaginal.
Segundo a pesquisa, cerca de 50% das mulheres analisadas concordam que a vagina é a parte do corpo que as mulheres conhecem menos.
Quase 80% delas, acreditam que entender a vagina pode aumentar a satisfação sexual.
Aproximadamente, 60% pensam que a sociedade tem muitas informações equivocadas sobre a vagina.
Para dificultar essa mudança cultural, 40% mostram que não se sentem confortáveis para falar sobre a vagina com os próprios médicos. Alguns homens também foram questionados nesta pesquisa e concluiu-se que eles têm percepção mais positiva sobre vaginas do que as próprias mulheres o que reforça a necessidade das mulheres estarem mais educadas sobre o assunto.
A nova era de medicamentos de administração via vaginal, como o anel contraceptivo Nuvaring, aborda o anel como uma ferramenta de auxílio ao médico no trabalho de ajudar a mulher a conhecer mais o seu corpo e melhorar a qualidade da vida sexual e da rotina diária, pois a inserção do produto é feita por meio da flexão do anel com os dedos polegar e indicador que devem ser introduzidos na vagina. A inserção do anel representa uma oportunidade de incentivar a mulher a saber mais sobre a vagina.
Além disso, o uso de um contraceptivo pela vagina permite administração de menor dose de hormônios e aplicação uma vez ao mês, sem interferir na libido, como os métodos anticoncepcionais de ingestão oral, cujo princípio ativo passa pelo fígado e altera as quantidades de uma proteína, diminuindo a testosterona no sangue e podendo afetar a desejo sexual feminino.
Dar a oportunidade para as pacientes visualizarem o exame ginecológico, por um espelhinho ou televisão, foi outra alternativa mencionada pela Dra. Liekens e que já estão sendo utilizadas nos consultórios de todo o mundo e são especialmente aprovada pelos grandes ginecologistas brasileiros que participaram do congresso, como Dr. Nilson Roberto de Melo , Gerson Lopes, José Bento de Souza e Malcolm Montgomery.
Sexualidade comprometida por tabus
Sexualidade comprometida por tabus
O estímulo às fantasias eróticas é outro caminho aconselhado pelos médicos para a libertação das mulheres em relação a culturas repressoras. O ginecologista e sexólogo mineiro, Gerson Lopes, que está entre os mais reconhecidos de todo o Brasil, aponta que o vínculo com um homem intimidador é uma das principais causas da repressão feminina.
Em depoimentos que ele coleta durante as palestras que ministra em todo o País, o médico pôde apurar que 70% das brasileiras não se masturbam e aposta como esse quadro contribui fortemente para que as brasileiras apresentem os maiores índices de anorgasmia do mundo. Cerca de 55% das mulheres sexualmente ativas no País não conseguem sentir orgasmo. Enquanto isso, 70% das americanas se masturbam e a anorgasmia nos Estados Unidos está em torno de 10%. Isso mostra a relevância de sanar o problema do preconceito e desconhecimento sobre o próprio corpo que a brasileira apresenta, comenta o médico.
Crédito:Fernanda Viegas
Autor:Fernanda Viegas
Fonte:In Press Porter Novelli