Rio de Janeiro, 19 de Abril de 2024

Amor sanfona

Amor sanfona
A universitária Fabiana da Silva Denberg, 22 anos, foi contaminada já há algum tempo por uma síndrome de Jade. Sofreu o pão que o diabo amassou com os ciúmes do namorado, brigou muito, terminou a relação duas vezes, mas não perdeu a esperança de ‘harmonizar’ o relacionamento.
Depois de oito anos de idas e vindas, ela jura que superou o efeito sanfona: “Não conseguia chegar à conclusão alguma depois das brigas. Sempre terminávamos por causa de ciúmes, mas apaixonados. Acho que o tempo longe o fez pensar melhor e voltamos mais tranqüilos”, lembra Fabiana.

Não são poucos os casais que vivem na base do vai-e-volta. A ex-modelo e empresária Luiza Brunet não defende a mania, mas acha fundamental passar por ‘férias conjugais’. Em abril, a bela e o marido, Armando, ficaram separados três semanas, depois de uma briga. Por Luiza, poderiam ter ‘dado um tempo’ até maior. “Depois de muitos anos, é normal passar por crises, principalmente com filhos e a rotina, que desgastam naturalmente a relação. Com o tempo, a gente acaba desvalorizando o romance, sendo mais comodista. Poderíamos ficar separados até mais tempo. É preciso preservar a individualidade, senão o casamento acaba”, argumenta Luiza.

Crises, tudo bem, mas se acostumar com a sanfona, nunca. “Quem fica indo e voltando perde a moral com o parceiro e os amigos. No início do namoro, não existe ‘dar um tempo’. É insistir em curtir uma relação que não vai rolar”, opina Luiza.

A promessa de recomeçar o casamento do zero pode trazer um grande alívio, mas é o maior erro dos “casais iôiô” que chegam ao consultório do terapeuta Mourão Cavalcante. “Geralmente, quando os casais reatam e decidem zerar os problemas, eles não avaliam o que aconteceu. É preciso levar em conta os erros do passado, porque em um determinado momento, os dois terão que passar pela mesma situação. É diferente de dar uma pausa para se situar”, explica o psiquiatra.

Comodismo é a maior queixa de quem se rendeu ao namoro sanfona. “Dá preguiça de conhecer outro, descobrir novos defeitos. Quando você não é mais adolescente, as relações têm uma carga mais pesada. A pessoa traz uma bagagem. Eu estou há oito anos namorando o pai do meu filho. Pesa o prazer que a criança tem em nos ver juntos. Voltar também é muito bom”, diz a dona-de-casa Paula Magalhães, 31 anos. E qual a saída para o vaivém? No caso do professor Mark Lopes, 24, foi preciso apagar a ex da vida. “Só eu investia na relação. Mas como tínhamos atração, sempre cedia e voltava. A saída foi não a encontrar nunca mais, senão acabávamos juntos de novo”, confessa.


Crédito:Fatima Nazareth

Autor:Clarissa Monteagudo

Fonte:O Dia