Rio de Janeiro, 17 de Maio de 2024

Cabeça feita

A turma do turbante cada vez aumenta mais. Além das tradicionais Mariza Alvares Lima e Yolanda Figueiredo, desponta agora no circuito amarradinho a cantora Arícia Mess. Ela tem modelos de várias cores, a maioria deles presente do amigo e cabeleireiro americano Nathan Busch.

A mania começou quando Arícia, 42 anos, nascida em Niterói como Arícia Messias da Silva, viu “A hora do show”.

—- No filme, havia uma mulher que tinha uma banda e que usava turbantes maravilhosos. Foi aí que me deu o clique e comecei a ter vontade de usá-los também em shows.

Por pura coincidência, Arícia conheceu, na época, Nathan Busch, que estava no Rio e que tinha bolado os turbantes do filme “A hora do show“.

— Ficamos amigos e quando ele voltou para os Estados Unidos, mandou para mim tecidos iguaizinhos aos do filme para que eu começasse minha coleção de turbantes. Aqui, meu amigo, o artista plástico Zemog, montou-os para mim pois é muito complicado arrumá-los na hora do show.

Os modelos são lindos: abóbora, vermelho, roxo estampado com cabeças de negrinhas, verde, amarelo estampado com cabeças de boi. Todos eles com detalhes dourados. Um luxo. Há ainda outros modelos: um de pêlo de onça, presente de uma amiga portuguesa, outro de veludo preto comprado em Nova York por sua parceira e amiga Mathilda Kovak.

— Já me ligava nessa coisa de cabeça porque tenho cabelo curto e sentia que ficava legal. Mas só depois do filme é que tive a idéia de usá-los nos shows — conta Arícia, que, no dia-a-dia, desfila com modelos mais discretos.

Se as pessoas olham? E como olham. Ela observa que em cidades maiores é comum as mulheres usarem turbante.

— Na Bahia é comuníssimo mas o Rio ainda não assimilou o turbante no seu cotidiano — conclui Arícia, que usou turbante pela primeira vez em agosto do ano passado, durante o Free Jazz Project, no Rio. — Dá o maior impacto entrar em cena de turbante, uma onda mais diva. Além disso é um adereço que me favorece porque sou baixinha.

Admiradora de artistas como Elis Regina, Clementina de Jesus, Clara Nunes, Stevie Wonder, Etta James (“Ih, só tem nome de morto...”), ela conta que já está trabalhando no seu segundo CD, que deverá estar pronto ainda este ano. Enquanto isso, continua fazendo shows dentro e fora do país. Arícia acaba de chegar de Portugal, onde se apresentou no centro cultural Culturgest e vai dar repeteco, em abril, no Crowne Plaza, em São Paulo, onde se esteve recentemente.

Leitora assídua de Fernando Pessoa e Clarice Lispector, estudiosa de astrologia há 20 anos, bicicleteira fanática — diariamente faz o circuito Leblon/Leme — Arícia diz que sua sintonia com a moda vem por intermédio de dois grandes amigos: os estilistas Guilherme Matta e Mário Queirós.

— Eles não só me orientam mas também me cobrem de presentes.

Crédito:Marcio Vasconcellos

Autor:Elisabeth Orsini

Fonte:O Globo