Rio de Janeiro, 19 de Maio de 2024

CASO ISABELLA - Pai e madastra se entregam


Casal é preso por causa de contradições em depoimentos
 
 
São Paulo - Alexandre Nardoni, pai da menina Isabella Oliveira Nardoni, 5 anos, que morreu no sábado após cair do sexto andar de um prédio em São Paulo, e a madrasta dela, Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, se entregaram, na tarde desta quinta-feira, no Fórum de Santana, para cumprir o pedido de prisão temporária. O casal foi levado para o 9º Distrito Policial (Carandiru), onde o caso é investigado.
 
 
Segundo o diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), Aldo Galeado, as contradições nos depoimentos motivou o pedido de prisão temporária. Ele declarou que o casal não é considerado suspeito, mas que é preciso esclarecer fatos e reunir mais informações que ajudem a solucionar as causas da morte de Isabella.
 
 
 
 
Depoimentos
 
Durante toda a tarde de quarta-feira, o delegado Calixto Calil Filho esteve reunido com o promotor Sérgio de Assis. O delegado levou ao promotor cópias de depoimentos, como a do morador do 1º andar do edifício onde morreu Isabella, que disse ter ouvido gritos, pouco antes da queda. Segundo ele, os gritos eram: "Pára, pai! Pára, pai!"
 
Também foram levadas cópias dos depoimentos de moradores do Edifício Vila Real, na Vila Mazzei, onde Alexandre morou por dois anos e meio. Ela disse que as brigas de ambos preocupavam o condomínio. O delegado ainda trouxe o depoimento de um funcionário e de dois moradores do Edifício Santa Leocádia, que fica na frente do local da morte.

O morador do 4º andar desse prédio afirmou que ouviu o casal discutindo dez minutos antes da tragédia. "Da janela do meu quarto, pude ouvir com minha esposa (...) uma discussão, uma briga no prédio ao lado. Após 15 minutos, a discussão cessou. Às 23h23, ouvi uma mulher gritando: ?jogaram a Isabella do 6º andar?. Em seguida, ouvi xingamentos. A voz da mulher era igual à da mulher que brigava (anteriormente)."

A mãe da menina, a bancária Ana Carolina Cunha de Oliveira, de 23 anos, falou pela primeira vez à polícia. "Não tenho nada a declarar, que a Justiça seja feita agora", disse, na saída. De acordo com a polícia, a mãe da criança afirmou que a relação dela com o casal suspeito era, às vezes, áspera. Segundo a bancária, nos fins de semana em que Isabella ficava na casa de Alexandre, a madrasta não a deixava falar com a mãe. Também prestaram depoimento os avós maternos da garota, José Arcanjo e Rosa Maria de Oliveira. Um dos advogados da defesa trouxe ainda uma testemunha que era considerada chave pela defesa. A mulher, que não teve a identidade revelada, entrou escondida debaixo do paletó do advogado.

Aos investigadores, ela teria dito que a madrasta perdeu as chaves do apartamento após deixá-las na portaria do prédio. A versão, no entanto, foi contestada, em depoimento, pelo porteiro Valdomiro da Silva Veloso, de 28 anos. Segundo ele, ficavam na guarita apenas as chaves dos apartamentos que estão passando por obras. A delegada titular da 4ª Delegacia Seccional Norte, Elisabete Sato, disse que há conflitos entre os depoimentos já colhidos pela polícia. E, por isso, é necessário ter calma. "Além dos depoimentos, vamos contar com a coleta das provas materiais." Investigadores do 39º DP (Vila Gustavo) acharam nos arquivos um boletim de ocorrência, de 2003, em que Anna Carolina acusa Alexandre de tentativa de agressão.

Crédito:Luiz Affonso

Autor:Marcos Teixeira

Fonte:F.São Paulo