Rio de Janeiro, 16 de Maio de 2024

Os dons do mar

Sob as ondas, vida

É mergulhar e sentir a sua força. O mar é um universo particular. São milhares as formas de vida, peixes, corais, algas e plâncton. Além de boas vibrações, esse gigante da natureza contém benefícios para o organismo, capazes de manter nosso corpo em ótimas condições

 

Os alimentos marinhos não são só saborosos, eles ajudam a prevenir vários tipos de doenças. A culinária japonesa, por exemplo, faz amplo uso do peixe. "Os peixes com escamas têm menos toxidade e são mais fáceis de digerir. Por isso podem até ser comidos crus", diz o médico Ysao Yamamura, autor do livro Alimentos, Aspectos Energéticos (Ed. Triom).

Na obra, ele recomenda o consumo de peixes como fonte de proteína, iodo e vitaminas, analisa o valor energético dos alimentos e faz outras correlações, seguindo a filosofia da milenar corrente chinesa.

A grande propriedade dos alimentos marinhos está na mistura dos ambientes terrestre (no caso de algas fincadas no solo ou peixes que comem terra) e aquático (contato com a água). Esse mix de água e terra, corresponde aos nossos rins que, por sua vez, equivaleriam à raiz de uma árvore. "Quando ela não está bem, nada vai bem com o resto da planta. Com o nosso corpo, acontece o mesmo."

Seguindo esse raciocínio, a grande benesse do consumo de alimentos marinhos é o próprio fortalecimento dos rins - nossa grande fonte de energia. Os melhores peixes para o consumo seriam os que têm escamas. Essas espécies vivem em locais onde recebem luz solar, o que confere mais energia para eles e, em conseqüência, para nós, que os consumimos. "Os mais coloridos são os mais energéticos", diz Ysao. Os peixes que habitam regiões mais profundas, de coloração cinzenta, sem incidência de luz solar, têm maior índice de toxidade e não têm tanta energia.

Com os crustáceos o raciocínio é o mesmo. O camarão, por exemplo, além de comer terra, demonstra sua vitalidade através do número de ovos que coloca - cerca de 10 mil por dia - o que, na medicina chinesa, comprova o seu vigor sexual, que é também um critério usado para medir nível energético. "Todos esses benefícios, no entanto, estão presentes somente nos peixes frescos", alerta o médico.

DESTE LADO DO MUNDO - A medicina ocidental, com os pés mais fincados no chão e na química, também defende o teor nutritivo dos pescasdos marinhos (peixes, crustáceos e moluscos). Segundo o chefe do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, Jorge Mancini, eles têm proteínas de alto valor biológico.

Os que vêm de regiões de água fria, como salmão, bacalhau e sardinha, também trazem um alto índice de ácidos graxos poliinsaturados, resultado da dieta dos próprios peixes, que se alimentam de plánctons, organismos ricos em proteínas e detentores desses ácidos.

E a boa notícia é que esses ácidos graxos contêm a celebrada molécula Ômega 3, cujo consumo é importante para manter nosso corpo funcionando bem. Essa molécula não é produzida pelo organismo humano, portanto, tem de ser consumida através da alimentação.

Há uma série de estudos em andamento sobre os benefícios proporcionados pelo Ômega 3 - o principal deles é a prevenção de doenças. Já está comprovado que o seu consumo reduz os níveis triglicérides no sangue, assim como o colesterol.

Dessa forma, sua administração passou a ser indicada para prevenir a aterosclerose (obstrução das artérias), problemas circulatórios e doenças coronarianas.

Atualmente, estão pesquisando sua possível eficiência como coadjuvante no tratamento da artrite reumatóide e psoríase (manchas de pele).

No entanto, nada em excesso faz bem, e o Ômega 3 não foge à regra. Como a molécula tem alto poder de oxidação, seu consumo deve ser associado à vitamina E, que tem função antioxidante. Ela é encontrada em alimentos como castanha, soja e amendoim.

Para evitar a proliferação de radicais livres - associada ao envelhecimento e diversas doenças como a artrite reumatóide -, o consumo de algas marinhas é bastante indicado. Apesar de delicadas, elas são poderosas antioxidantes naturais.

Na fase de crescimento das crianças, de acordo com o professor Alfredo Tenuta, que pesquisa o assunto no Departamento de Alimentos da USP, os aminoácidos contidos nos crustáceos são bastante importantes. Mas ele alerta: "Para o equilíbrio de nutrientes necessários para o nosso corpo, o ideal é a mistura do consumo de alimentos terrestres e marinhos."

 

Marcos Mendes/AE
O banho de mar é revitalizante e o consumo de pescados e algas marinhas garante o bom funcionamento de nosso organismo

Crédito:Fatima Nazareth

Autor:Fabiana Caso

Fonte:O Estado de São Paulo