Rio de Janeiro, 02 de Maio de 2024

Tratamento para pacientes renais crônicos reduz mortalidade

Existem cerca de 1,3 milhão de pacientes renais crônicos no planeta. No Brasil, são cerca de 80 mil pessoas que enfrentam uma rotina ligada às máquinas de diálise e a luta contra altas taxas de mortalidade.  Um dos maiores problemas da insuficiência renal é a hiperfosfatemia  - ou o aumento dos níveis de fósforo do organismo. O tratamento mais comum para controle do problema, o quelante a base de cálcio, no entanto, acaba criando outro: a calcificação de órgãos e artérias. Mas o mais completo estudo renal já realizado, o DCOR - Dialysis Clinical Outcomes Revisited, acaba de ser finalizado nos Estados Unidos e revela que o número de óbitos pode cair em até 54% com terapia já disponível no Brasil pelo Ministério da Saúde.

O controle inadequado hiperfosfatemia é comum na insuficiência renal e está associado com complicações médicas graves, tais como aumento da mortalidade, doença cardiovascular e morte cardíaca, calcificação coronariana, arritmias, calcificação valvular, fibrose do miocárdio, calcificação metastática de tecidos moles, inclusive pulmões, rins e articulações, entre outros. Estes efeitos colaterais estão associados à  alta taxa de mortalidade destes pacientes, que gira em torno de 15% ao ano no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Nefrologia.

O quelante a base de cálcio já é uma evolução no controle do fósforo. Há até alguns anos, era comum o uso de quelante de fósforo a base alumínio. Com o tempo, porém, os médicos identificaram diversos efeitos colaterais, inclusive doenças ósseas e até casos de demência.

 

O alto índice de mortalidade destes pacientes, no entanto, cai drasticamente quando o controle é feito com Sevelamer, o princípio ativo do medicamento Renagel, distribuído pelo Ministério da Saúde. Os resultados da pesquisa realizada nos Estados Unidos, mostram que o número de mortes entre os pacientes tratados com o remédio é, em média, 9% menor, independente da faixa etária e do tempo de tratamento. Mas a mortalidade pode cair até 54%. Este é o caso de pacientes de 65 anos ou mais tratados com Sevelamer por mais de dois anos. Independente do tempo de tratamento, o número de mortes foi 22% menor para este grupo.

 

A Pesquisa de Diálise Clínica, DCOR (Dialysis Clinical Outcomes Revisited), foi feita pelo Professor Wadi N. Suki, do Baylor College of Medicine, em Houston, Texas e por Steven K. Burke, vice-presidente médico do laboratório de biotecnologia Genzyme, que desenvolveu o Renagel. O estudo acompanhou 2.103 pacientes por três anos. Metade usou o Renagel para controlar os níveis de fósforo no organismo e metade foi tratada com medicamentos à base de cálcio.

 

Além disso, os pacientes tratados com o medicamento ficaram mais tempo longe do hospital. A cada ano, a taxa de internação foi 23% menor e o tempo de hospitalização 14% menor. Estes dados provam não apenas benefícios para a qualidade de vida destas pessoas, mas também a economia para o sistema de saúde como um todo, com queda de gastos hospitalares.

 

O DCOR também é inédito pela metodologia usada na pesquisa. É um estudo aberto (chamado Open Label), a fim de obter o resultado mais próximo possível da realidade dos pacientes em diálise. Para isso, os critérios de exclusão de pacientes foram os menos restritivos possíveis, portanto os benefícios apurados não são resultado de pacientes em melhores condições de saúde.

 

Selecionados em 75 cidades dos Estados Unidos, os pacientes foram acompanhados pelo banco de dados nacional público, mantido pelo sistema de saúde americano. O sistema permitiu acompanhar causas de internação, mortalidade e dados econômicos. A faixa etária era a partir de 18 anos, em diálise por, no mínimo, três meses.

 

Para mais informações:

Máquina da Notícia/Betina Moura

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Crédito:Betina Moura

Autor:Betina Moura

Fonte:Máquina da Notícia