Rio de Janeiro, 29 de Abril de 2024

Bonecas infláveis: das tradicionais às versões high-tech

Com elas, desejos escondidos podem ser realizados em uma cópia real do corpo feminino

 
Seus nomes não são muito criativos. Amber, Tifanny, Melody são comuns nesse universo em que mulheres são de plástico e os homens verdadeiros devotos.
 
Quando um cara compra uma boneca inflável (é claro que a grande maioria dos compradores é masculina), quem não está familiarizado com o brinquedo imagina que ele quer, simplesmente, uma mulher bem obediente, que não discute, não reclama, nunca tem interesse em sair de casa e está sempre a fim de sexo.
 
Em grande parte, é para isso mesmo que as bonecas servem.
 
São uma espécie de masturbação glorificada, na qual desejos escondidos podem ser realizados com a ajuda de uma cópia em tamanho real do corpo feminino. Os modelos de bonecas são inúmeros.
 
 
Vão desde versões femininas do bonecão do posto até cópias mais fiéis do corpo da mulher, com direito a seios realistas, cabelo de gente e genitálias similares à realidade. Tudo coberto com a última tecnologia em pele artificial: o cyberskin.

As bonecas mais simples, feitas de vinil, têm o cheiro semelhante ao das boias que você usava na piscina durante a infância.
 
A textura é igual a do boneco do posto, exceto pela cabeça feita do mesmo material que bonecas de criança.
 
É exatamente essa versão que marcou o imaginário coletivo: corpo malfeito, seios infláveis ligeiramente disformes e a boca eternamente aberta – ela não aparenta ser capaz de satisfazer nenhuma vontade sexual.
 
Mais benfeita do que essa, existem as bonecas que têm partes do corpo como mamilos, genitália, mãos e pés feitas de cyberskin. Elas têm a aparência mais bizarra entre as sex dolls.
 
Quando infladas, têm partes do corpo com uma pele que não combina bem com o resto, fazendo o conjunto parecer um verdadeiro “Frankenstein do sexo”.
 
Por último, temos as chamadas high end sex doll.
 
Elas custam a partir de US$ 10 mil e podem ser personalizadas a pedido do comprador.

Usando essa tecnologia, já teve gente que comprou uma boneca igual à sua ex-namorada ou igual a si mesmo.
 
Esse modelo não pode ser desinflado, tendo que ser guardado inteiro. Pesa cerca de 35kg e tem todo o corpo coberto pelo material de alta tecnologia que imita a pele humana.
 
O cyberskin promete ser igual à pele real, mas ainda está longe disso.
 
A pele humana, com suas imperfeições e textura próprias, não corre risco de ser substituída por uma prótese realista. Entretanto, quem já usou o brinquedo diz que, depois que o atrito esquenta o tecido sintético, a boneca fica muita parecida com uma mulher. E talvez seja por isso que milhares de homens se reúnem em fóruns e conversam sobre seus brinquedos sexuais como se fossem companheiras reais.
 
Muitas dessas pessoas simplesmente tiveram experiências negativas demais com relacionamentos.
 
“Uma boneca é algo que venho considerando há anos, mas sempre tive esperança de conhecer a mulher certa. Em vez disso, tudo que consegui foi um coração partido, rejeição e solidão. Ainda quero uma presença feminina na minha vida, mas não tenho interesse no stress e obrigações que acompanham a mulher. Simplesmente não quero um relacionamento real mais”, desabafou BlindWebster, como se identifica um dos membros sênior de um dos maiores fóruns sobre sex dolls do mundo (dollforum.com).
 
Outra parte dos usuários têm mulheres em suas vidas, mas tratam a boneca como uma espécie de apoio para quando a mulher viaja ou não está interessada em atividades na cama.
 

A textura é igual a do boneco do posto
 
 
Desde 8 a.C.
Apesar de serem feitas com a última tecnologia, as sex dolls não são novidade.
 
A primeira história que se refere a desejos sexuais por uma boneca é a lenda grega de Pigmalião e Galateia.
 
Nela, Pigmalião cria uma mulher de mármore tão perfeita que ele se apaixona por ela, passando a devotar toda sua vida à escultura, comprando joias e roupas para a mulher de pedra. Apaixonado, ele pede à Afrodite que permita que ele encontre uma mulher igual à Galateia. A Deusa ouve seu pedido e transforma a estátua de pedra em mulher.
 
Não faltam homens modernos que tentam trilhar o caminho de Pigmalião.
 
Além do pessoal que faz sua própria sex doll em casa — com resultados que vão do nojento ao risível — grande parte dos donos (principalmente os que têm bonecas de cyberskin) se “apaixonam” pela boneca e a tratam como namorada. Nos fóruns tem, inclusive, gente que finge que é a boneca quem responde às perguntas e eles são simplesmente namorados ou maridos de uma mulher sexy, sincera e de plástico.
 
A ilusão que esses seres são reais é tanta que chegou-se ao ponto em que o sexo com a boneca perdeu o lugar de uso único para muitos.
 
Recentemente, o Doll Forum fez a enquete: “O que você faz com sua boneca? ”.
 
Das opções, a mais marcada, “sexo”, não foi nenhuma surpresa. Afinal, sexo é o objetivo primário desses homens. Porém, algumas alternativas escolhidas, como “fotografia”, “dormir” e “maquiar”, revelam um lado menos carnal e mais afetivo de quem compra as bonecas.
 
 
Minha boneca

As sex dolls existem em todo o mundo, mas, em Belo Horizonte, não é possível encontrar as bonecas mais elaboradas e similares às mulheres reais.
 
O principal motivo para isso é que, segundo vendedores dos sex shops, elas não têm uma grande saída. A venda de bonecas infláveis, por mês, não justifica um estoque mais sofisticado.
 
Marcelo Gentil, vendedor da Sex Shop, explica que a maioria das vendas que faz são para presentes de sacanagem. “Uma vez um cara chegou à loja, no dia 24 de dezembro, com um copo de uísque na mão e pediu para ver a boneca. Ele estava cheirando a álcool e disse que queria comprar um presente para o pai. Depois de comprar, perguntou: ‘Vocês enchem?’. Expliquei que não, mas, entrando na brincadeira, disse que ele podia fazer isso no posto. Não deu 15 minutos e ele passou na porta da loja, buzinando, com a boneca cheia no banco de trás. A festa de Natal deve ter sido uma diversão”, relembra Gentil, rindo do caso.
 
Apesar das “bonecas de postinho” dominarem o mercado mineiro (e brasileiro), quem se interessa no cyberskin não fica desabastecido em BH. Marcelo Gentil explica que, mesmo com pouca demanda para a venda desse tipo de boneca, as chamadas próteses de cyberskin vendem bem. Elas vão desde genitálias até uma pequena miniatura de mulher, com todas as cavidades.
 
 
Agradecimento

 

 


Delirius
Avenida Bias Fortes, 557 — Lourdes
Preço: a partir de R$ 280
 
 
 
 

Crédito:Luiz Affonso

Autor:Flávia Denise de Magalhães

Fonte:Ragga