Rio de Janeiro, 11 de Maio de 2024

Uma estátua no meio do calçadão

Drummond incorporado à paisagem

A imagem do poeta Carlos Drummond de Andrade foi definitivamente incorporada à paisagem carioca. Mais precisamente à de Copacabana, onde ele viveu os últimos anos de sua vida. Ontem foi inaugurada a estátua do poeta sobre um banco no calçadão, perto do Posto Seis. Hoje será comemorado o centenário de nascimento do poeta: Drummond nasceu em 31 de outubro de 1902, em Itabira, Minas Gerais.
O monumento é de autoria do escultor mineiro Leo Santana, que se inspirou numa foto tirada por Rogério Reis. O poeta está sentado sobre o banco em frente à Avenida Rainha Elizabet, voltado para a cidade e de costas para o mar.

— A foto traduz tudo o que eu estava procurando. Mostra o jeitinho tímido dele e a sua relação com o Rio — explicou Leo.

O prefeito Cesar Maia esteve presente à inauguração e surpreendeu os presentes ao recitar o poema “A flor e a náusea”. O texto fala da angústia de uma pessoa que caminha pelas ruas da cidade. No trecho em que o poeta fala na “capital do país”, o prefeito fez uma adaptação e falou Rio de Janeiro.

— Quem não carrega Drummond na alma não carrega nosso Rio nem nossa Minas na alma — disse Cesar, que tem afinidade com o estado vizinho desde que estudou em Ouro Preto.

Pedro Drummond, neto do poeta, agradeceu a homenagem:

— É muito bonito ver a poesia unindo as pessoas. A estátua eterniza um momento da vida de Drummond.

Logo depois da inauguração, muitas pessoas se sentaram no banco para tirar fotos ao lado da estátua. Segundo o escritor Ziraldo, que esteve presente, o lugar pode virar atração turística e um novo ponto de encontro para os mineiros na cidade.

— O Drummond tinha muito medo de ser esquecido e essa homenagem mostra que aconteceu o contrário — diz Ziraldo.

Antes de inauguração, a estátua, envolta num plástico da cabeça aos pés, chamou ainda mais atenção no calçadão e pregou uma peça nos policiais do 19 BPM, que passaram via rádio informações sobre “um indivíduo que poderia estar asfixiado”.
 
 
Um vendedor de algodão doce observa a estátua do poeta Foto: Marcelo Sayão

Crédito:Fatima Nazareth

Autor:Redação

Fonte:O Globo