Rio de Janeiro, 01 de Maio de 2024

"Desarmamento" - Sim ou Não?

Tanto os argumentos dos partidários do “sim”, quanto os do “não”, no debate relativo ao referendo sobre a proibição à venda de armas de foto e de munições, são bons, afirma Carlos Camargo, consultor do site www.fiquetranquilo.com.br (do Grupo Nordeste, líder em segurança privada no Brasil). Camargo observa que o próprio governo admite que a medida visa a desarmar a população para evitar mortes como as que ocorrem em brigas ou acidentes, e não a combater os bandidos, que devem ser enfrentados com a repressão policial e judicial.
Segundo Camargo, é bom lembrar, também, que o problema da segurança não se resume à questão do desarmamento. “Para ser contornado, ele demanda melhorias nos órgãos policiais, judiciais e prisionais, e, sobretudo, fortes investimentos sociais. Mas, por outro lado, é uma medida que pode ter resultados concretos, por exemplo, na diminuição dos índices de homicídios.”
 
Salienta que se trata “de um dos assuntos mais polêmicos a que os brasileiros já foram convocados a opinar, com importantes reflexos sobre o futuro da sociedade, exigindo, por isso, séria reflexão sobre o tema”.
A escolha é difícil, porque os argumentos de cada lado são justificáveis, avalia o especialista. Ele sugere que cada eleitor pare, pense e participe. “Votar no referendo é uma oportunidade de exercer a cidadania e escolher junto aos poderes legislativo e executivo se o porte de arma deve ser proibido ou não no Brasil.”
O voto é obrigatório para quem tem acima de 18 anos. Dos 16 ao 18 anos incompletos, e a partir dos 70 anos, é facultativo.
 
 
Unesco
 
Em um dos últimos mapas da Unesco (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura) sobre a violência no Brasil, constatou-se que 68% dos homicídios praticados no País foram cometidos com arma de fogo. Segundo a Secretaria de Segurança de São Paulo, a vítima armada tem 56% mais risco de morrer. Somente 13,8% delas conseguem evitar o latrocínio.
 
Camargo ressalta que o governo brasileiro é francamente a favor do desarmamento, que faz parte do Plano Nacional de Segurança Pública. Em 2 de setembro último, foi divulgada pesquisa, demonstrando que o número de mortes por arma de fogo diminuiu 8,2% desde o dia 15 de julho de 2004, quando foi iniciada a campanha do desarmamento.
 
Isso significou 3.234 mortes a menos. Nesse período, 443.719 armas foram recolhidas. Segundo o governo, a maior queda no número de mortes ocorreu exatamente nos Estados em que a maior quantidade de armas foi recolhida.
Grande parte da população, contudo, defende a idéia de que o desarmamento colocará a sociedade em risco, além de ferir a liberdade individual.
 
O quadro abaixo é uma síntese de argumentos pró e contra a restrição ao comércio e porte de armas:
 

CONTRÁRIOS À RESTRIÇÃO

FAVORÁVEIS À RESTRIÇÃO

  • Se o marginal sente que não terá resistência, ele não refreará seu ímpeto.
  • Admitir isso seria admitir um estado de guerra civil, com as duas partes se armando.
  • É medida paliativa e oportunista que não resolverá o problema.
  • É medida fundamental, e deverá ser acompanhada de outras medidas.
  • A medida não cuida das armas ilegais, como as contrabandeadas.
  • 73% das armas usadas em crimes no Rio de Janeiro em 1998 eram nacionais, compradas por cidadãos comuns, e que foram parar nas mãos de bandidos, utilizadas em brigas etc.
  • A estatística não leva em conta o número de bandidos que fugiram porque a vítima sacou a arma.
  • A grande maioria das pessoas que sacam armas para reagir contra um delinqüente acaba morta.
  • A proibição é inconstitucional, pois, se a lei permite a legítima defesa, precisa também garantir o acesso aos instrumentos da defesa.
  • O que se quer evitar é a situação de perigo que daria margem à legítima defesa.
  • Devemos desarmar primeiro os bandidos.
  • A maior fonte de armas para os bandidos são os cidadãos comuns armados.
  • Não se pode comparar sociedades diferentes de maneira tão simplista.
  • Há países cujas sociedades são desarmadas.
  • Deve-se exigir comprovação de capacidade para o porte e uso da arma.
  • Despreparo do cidadão para usar armas
  • O aumento da violência está ligado à impunidade dos bandidos.
  • O aumento da violência está ligado à facilidade para aquisição de armas legais.

Crédito:Thompson

Autor:Thompson

Fonte: www.fiquetranquilo.com