Rio de Janeiro, 01 de Maio de 2024

Eleição 2006, um cenário desolador

 
Nesta eleição, o presidente Lula optou por repetir a prática usada por Fernando Henrique Cardoso de se negar a participar dos debates televisivos. O que o presidente-candidato quer é falar sozinho, sem contestação, em suas repetidas viagens pelo País.
 
 
Se tem tantas realizações a mostrar, e louvar, por que então não aproveitar a oportunidade oferecida pelas tevês. Essa história de que na condição de presidente não deve expor-se e ser destratado pelos oponentes vai contra todo seu passado de líder sindical, que fez sua carreira no embate das idéias e dos princípios.  
 
 
 
Quem imaginaria essa situação nas quatro eleições que disputou?
 
O que estamos vendo é um presidente inseguro, inconvicto de suas posições, sem disposição para o confronto democrático. E ainda posa de estadista mundo afora, escondendo o que acontece aqui dentro.
Tal atitude deve merecer o mais veemente repúdio da sociedade, pois representa um desprezo total à opinião pública e a seus próprios eleitores.
 
 
Os argumentos para questionar o governo Lula são muitos.
A adoção das políticas macroeconômicas ditadas pelo FMI e seguidas desde Collor e FHC manteve o Brasil em padrões haitianos de desenvolvimento: 2,3% no ano passado, menos de 2,5% de média nos três últimos anos.
 
 
Lula também desertou de sua pregação ao impor aos inativos do serviço público a tributação das aposentadorias e pensões, o que nem Collor nem FHC haviam conseguido. Cedeu à pressão das multinacionais, como a Monsanto, que controlam o negócio dos transgênicos, permitindo que sementes alteradas geneticamente passassem a ser usadas, sem controle, na agricultura brasileira. Abriu a Amazônia a um polêmico projeto de concessões florestais, que tem a oposição de grande número de ambientalistas e de especialistas em segurança nacional. Acabou adotando, para a TV digital, o padrão japonês, a fim de favorecer a Globo e outras cadeias de televisão, que assim mantêm o oligopólio da comunicação televisiva.  
 
 
O carro-chefe de seu governo, o Bolsa-Família, se transformou, de plano emergencial para minorar a fome dos pobres e miseráveis, em expediente permanente de assistencialismo eleitoreiro, quando a verdadeira solução para os próprios beneficiados seria a criação de empregos, dos dez milhões prometidos, que as atuais políticas econômicas não permitem alcançar.
 
O governo petista assegurou ainda as mais altas taxas de juros do mundo, que fazem a alegria dos bancos e do sistema financeiro, comprometendo a produção e o desenvolvimento nacional. E por fim, com a fixação de uma taxa cambial totalmente irreal, está promovendo um irrefreável processo de desindustrialização do País.
 
 
Para que não sejamos acusados de radicais, não falaremos da avalanche de escândalos em que estamos mergulhados, do mensalão ao caixa-dois das campanhas eleitorais e este aí, agora, da compra de documentos contra os adversários políticos.
 
E Alckmin, o que é?
 
Trata-se de um conservador forjado na escola do Opus Dei e das mais retrógradas concepções políticas e econômicas. Apresenta-se como administrador competente, porém uma de suas metas mais importantes á frente do governo de São Paulo – a reforma da Febem – constituiu tremendo fracasso.
Só em 2005, foram 34 rebeliões em presídios de menores, média de quase três por mês. As penitenciárias para adultos são verdadeiros barris de pólvora, grande número delas controladas pelo crime organizado, com o PCC impondo sua lei dentro e fora dos presídios. Ainda no campo da segurança, São Paulo é o campeão nacional de seqüestros e assaltos a banco, tendo uma polícia recordista em assassinatos de pessoas inocentes.
 
Para a Presidência, Alckmin defende um programa nitidamente neoliberal, com a retomada das privatizações e uma série de reformas constitucionais em favor do grande capital financeiro e em detrimento dos direitos sociais.
 
Os dois perfis acima mostram o cenário extremamente desolador da sucessão presidencial, que nem mesmo a existência de bons nomes no primeiro turno conseguirá salvar. O povo brasileiro merecia melhor sorte.
 
 
Não podemos calar-nos, igualmente, diante do declínio geral que ameaça o Estado do Rio de Janeiro.
Impõe-se ao eleitor uma reação vigorosa ao descalabro a que nos estão levando as falsas lideranças que se apoderaram da política fluminense
 
 
Na reta final da campanha, só nos resta a esperança de que os eleitores forcem um segundo turno entre o candidato governista Sérgio Cabral e a juíza Denise Frossard, que apesar das restrições que lhe possam ser feitas, tem condições de dar uma sacudida geral no processo eleitoral.
 
E votemos bem para a Câmara de Deputados e para a Assembléia Legislativa. Este voto consciente poderá ser o início de um processo para enterrar aquelas falsas lideranças e iniciar a contagem de um novo tempo na política estadual.

 
 
Bafafá On Line: http://www.bafafa.com.br 
 

Crédito:Luiz Affonso

Autor:Ricardo Rabelo

Fonte:www.bafafa.com.br