Rio de Janeiro, 01 de Maio de 2024

Congresso Federal, um enorme fôrno de fazer pizza

Congresso Federal, um enorme fôrno de fazer pizza
A igrejinha contra a santa inquisição da moral à procura de uma ética a serviço da sociedade.
 
Dos dezenove acusados no esquema do mensalão, apenas Jefferson, Zé Dirceu e Pedro Corrêa foram cassados. Quatro renunciaram e sete foram absolvidos. O Zé vai pedir reintegração a essa digna corporação julgando-se vítima de perseguição política. Jefferson atirou para tudo quanto é lado, rodou que nem vira-lata querendo morder o próprio rabo e virou bobo da corte. Tucanos e pefelistas posaram de madre-superiora mas acabaram escondendo alguns de seus pares em seu velho hábito. O presidente Lula pendurou um guardanapo babadouro para se proteger dos respingos da crise e passar ao largo, na campanha afirmará que o mensalão foi uma obra de ficção.       
 
A Câmara dos Deputados pôs o jamegão na desmoralização dos saques no valerioduto, jogando por terra o esquema do mensalão. Caixa dois cassar mandatos, nem pensar! Bancadas governista e oposicionista se congraçam aliviadas e agradecem mutuamente o apoio recebido para livrarem seus soldados de chumbo da degola. Que noção de solidariedade e companheirismo os deputados cultivam, quando se sabe que FHC e Lula não param para recolher seus feridos. Fernando Brant equipara seu partido, o PFL, ao Clube da Esquina: “ninguém fugiu de mim, ninguém correu de mim, continuam me chamando para jantar, isso sim é fraternidade”.
 
Na véspera das eleições, a casta dos deputados age como na ditadura, pouco se importando com o senso crítico da sociedade. Pois se Lula ascendeu nas pesquisas, é sinal de que a opinião pública não agüenta mais o prolongamento da crise política. O melhor a fazer é esquecer tudo e perdoar.
 
A adoção do voto aberto em todas as decisões da Câmara, Senado, Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais é uma exigência do cidadão, visto que a classe política é useira e vezeira em não dar a cara a tapa para fugir da avaliação do posicionamento político assumido na caça ao eleitor. Voto secreto somente para a eleitor cassá-lo, pois é na gororoba em que transformam a política nacional que eles proliferam, para alçarem vôo ao se livrarem das larvas e conquistarem o poder.
 
O sigilo acoberta suas manobras. Nunca se interessaram em quebrar o sigilo bancário dos parlamentares que trocaram de partido e engordaram a base governista para votar as reformas do interesse de Lula. Concentraram-se na pista do desvio do dinheiro público para o valerioduto com o intuito de derrubar o presidente e o discurso da moralidade do PT. Deixaram passar em branco o atentado mais grave contra a democracia: se deputados foram ou não comprados sob o pretexto de formar um curral eleitoral a serviço de um projeto de abocanhar o poder tramado pelos pragmáticos do PT.
 
Abram o voto, nobres deputados e senadores, não se assustem, tenham coragem, abram sua caixa-preta, mostre quem são, vender a consciência hoje em dia não constitui mais ofensa. Generalizada a prática na sociedade com a desculpa de ter que sobreviver, quem irá sustentar uma ideologia de vida com a pretensão de dar um fim no tráfico de drogas que campeia na mentalidade cívica brasileira?  
 
 

Crédito:Antonio Carlos Gaio

Autor:Antonio Carlos Gaio

Fonte:Universo da Mulher