Rio de Janeiro, 19 de Abril de 2024

Implantes aprovados pela Anvisa vão baratear tratamento para fixar fraturas de ombro

Novos implantes para fixar fraturas de ombro

aprovados pela ANVISA vão baratear tratamento

Placa desenvolvida por equipe da Unifesp é ainda mais fácil de aplicar e eficiente que os métodos convencionais


 

Após cinco anos de muito trabalho e pesquisa, a equipe chefiada pelo ortopedista e professor Eduardo Carrera, do Departamento de Ombro e Cotovelo da UNIFESP/EPM (Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina), desenvolveu dois tipos de placa para fixação e tratamento das fraturas do úmero proximal que acaba de receber o registro da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para sua utilização.

 

Essa é uma grande contribuição para a medicina brasileira, porque o novo modelo de placa permite tratar fraturas complexas do ombro que não tinham uma alternativa segura e eficiente de tratamento com as placas convencionais. Além disso, é um método de fixação mais fácil, mais barato e eficaz e que produz excelentes resultados na maioria das vezes.

 

A aprovação da ANVISA permite que a partir de agora as placas sejam utilizadas nos hospitais de todo o Brasil. O médico Eduardo Carrera explica que este sistema de fixação é composto por duas placas diferentes, indicadas para tipos diferentes de fraturas. As placas são fabricadas em titânio e os dois tipos  estão sendo comercializados com o nome CBS (“Compressed Bone System”) e NCBS (“Non Compressed Bone System”). De acordo com o pesquisador, sua equipe sugeriu uma nova classificação para as fraturas do úmero proximal que considera a compressão do tecido ósseo ou não. Portanto, são duas placas diferentes para o tratamento de quase todos os tipos de fraturas do úmero proximal, segundo o conceito da compressão óssea.

 

 “Com estas duas placas conseguimos tratar quase todas estas fraturas. Além disso, percebemos uma característica nas fraturas mais complicadas e mais graves, que permitiu sugerirmos uma nova classificação para entendermos melhor este tipo de fratura”, explica.

 

Carrera e sua equipe trabalharam três anos no desenvolvimento do segundo tipo de placa, produzindo um modelo em aço cirúrgico inoxidável. “Nos últimos dois anos, fizemos algumas modificações em relação às placas que chamamos de primeira geração, que foram as primeiras que desenvolvemos, e passamos a usar o titânio. Com isso, conseguimos uma eficiência ainda maior no método”, explica. Na Unifesp, ele e seus colegas operaram 45 pacientes utilizando a placa em aço inoxidável com resultados acima da média, que se mostraram superiores a outros métodos de fixação. Outros profissionais brasileiros têm utilizado o método em seus pacientes, conseguindo também resultados excelentes.

 

As placas foram idealizadas por Carrera e seu grupo de trabalho e foram desenhadas na fábrica por desenhista especializado. “Concebi o formato das placas durante as cirurgias que fazia naqueles casos de fraturas complexas (graves) na Unifesp, na minha clínica privada e em outros hospitais que tive a oportunidade de operar. Desenvolvi essa placa porque a solução com as placas tradicionais não me satisfaziam, e, por isso, sempre procurei uma alternativa para resolver esta dificuldade”, conta. As placas estão sendo produzidas pela NeoOrtho, de Curitiba, e distribuídas no País pela Implamed – Implantes Especializados, com sede em São Paulo (SP).

 

Na opinião de Carrera, a concepção dos dois implantes é uma importante descoberta para o tratamento das fraturas do úmero proximal, mas, talvez, a nova interpretação para estas fraturas, com o conceito da compressão do osso, seja tão importante ou mais que as placas. “O conceito para a classificação e o tratamento dessas fraturas é de 1970, e se o meu conceito for seguido, teremos uma mudança importante após 37 anos. Há uma resistência muito grande por parte dos colegas no Brasil, pois é uma proposta nova, mas a resistência maior deverá acontecer nos outros países”, finaliza Carrera.

 

Vale destacar que o método já foi apresentado em dois eventos internacionais, com boa repercussão dos médicos participantes. Em abril, foi mostrado no Encontro Latino de Ortopedia – 1º Curso Internacional de Reconstrução Osteo-Articular (RECOA I), em Viseu, Portugal; e em setembro no 10º Congresso Internacional de Cirurgia do Ombro e Cotovelo, na Bahia.

Crédito:Cris Padilha

Autor:Ilone Vilas Boas

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