Rio de Janeiro, 19 de Abril de 2024

Cólicas muito fortes em adolescentes podem indicar a presença de endometriose

Cólicas muito fortes em adolescentes podem indicar a presença de endometriose

Cólicas incapacitantes são o primeiro sintoma da doença que pode levar à infertilidade na idade adulta e que tem muito mais chances de ser tratada com um diagnóstico precoce

 


No início da adolescência, os fluxos menstruais são irregulares, tanto em relação ao número de dias quanto ao intervalo entre eles. Porém, a situação se normaliza, em média, após dois anos da menarca. Algumas adolescentes, entretanto, ficam de cama todos os meses, durante o período menstrual. São dois, três dias sem ir à escola, sem sair de casa, devido a dores fortes. “De 40% a 50% das adolescentes que apresentam cólica incapacitante, quer dizer, dor intensa que requer repouso e as impede de exercer as atividades normais podem apresentar endometriose. A recorrência das cólicas incapacitantes pode ser o primeiro sintoma da endometriose, que pode levar à infertilidade na idade adulta e que tem muito mais chances de ser contornada com um diagnóstico precoce”, explica o ginecologista e obstetra Aléssio Calil Mathias, diretor da Clínica Genesis.

A endometriose é um problema que acomete quem menstrua. Mulheres que desenvolverão a enfermidade já podem ter, aos 14, 15 ou 16 anos, a tendência ou a manifestação leve da doença. As estatísticas apontam que, hoje, a doença atinge cerca de 6 milhões de brasileiras. No mundo, a marca é de 30 milhões. “O que poucos consideram é que essa doença se desenvolve lentamente e pode ser desencadeada logo no início da idade reprodutiva, antes mesmo de a menina ter sua primeira relação sexual. A idéia de que sentir dor ao menstruar não é nada demais é uma das razões para o diagnóstico tardio da doença”, observa o ginecologista. Segundo estimativas do Nepe, Núcleo Interdisciplinar de Ensino e Pesquisa em Endometriose, meninas que começam a sofrer com os sintomas da endometriose na adolescência chegam ao diagnóstico até 12 anos depois, quando muitos estragos já foram feitos ao corpo.

Importância do diagnóstico precoce

A doença, que se caracteriza pela presença do endométrio - tecido que compõe a camada interna do útero - fora do seu órgão de origem, ganhou o apelido de "mal da mulher moderna" e começou a chamar a atenção nos últimos dez anos. O médico, que participou do 37° Congresso Mundial de Ginecologia Minimamente Invasiva, evento promovido pela AAGL- Associação Americana de Ginecologia Laparoscópica - em Las Vegas, EUA, conta que há algum tempo, a doença vem sendo um dos temas mais debatidos no evento. “O posicionamento da entidade e dos especialistas de todo o mundo vem sempre reforçar a necessidade de empreendermos mais esforços na educação das pacientes para evitar as piores conseqüências da endometriose, a incapacidade de gerar filhos no futuro”, diz Aléssio Calil Mathias.

Pois é exatamente das clínicas de fertilização que vem a maioria das pacientes que partem para investigações sobre o porquê não engravidam e recebem o diagnóstico da doença tardiamente. “Embora não existam estatísticas precisas dos casos de infertilidade, é consenso entre os especialistas que essa é uma das causas mais freqüentes da dificuldade de engravidar, e sabe-se que metade das portadoras se torna infértil”, observa o diretor da Clínica Genesis. O tempo de tratamento adequado é uma variável importante para evitar complicações na gravidez.

As causas precisas para o aparecimento da endometriose seguem desconhecidas. Hoje, uma das teorias mais difundidas é a de que alterações do sistema imunológico levam o corpo a atacar partículas do endométrio arrastadas no refluxo do sangue menstrual para outros tecidos, gerando inflamações crônicas que podem levar à adesão de órgãos. Fatores genéticos, estilo de vida, sedentarismo e alimentação inadequada potencializam o risco.

Atenção com as adolescentes

Médicos e profissionais das diversas especialidades que acompanham adolescentes - hebiatras, endocrinologistas, ginecologistas, nutricionistas, professores - devem estar aptos a reconhecer os sinais da doença e recomendar a investigação o quanto antes. “A partir do diagnóstico, a estratégia de controle pode ser traçada, assegurando qualidade de vida a esta jovem. Isso porque a endometriose, como o diabetes, é um quadro sem cura, mas a portadora pode controlar a evolução da doença”, defende Aléssio Calil Mathias.

O tratamento, geralmente, implica na realização de uma laparoscopia, em que são removidas áreas de tecido atingidas pela endometriose, e na suspensão de menstruação, na maioria dos casos. “O tipo de medicamento usado para suspender a menstruação e o tempo desse procedimento variam de acordo com cada paciente”, informa o ginecologista.

Aliados aos métodos terapêuticos citados, Aléssio Calil Mathias, também recomenda a suas jovens pacientes a adoção de medidas que facilitem e proporcionem qualidade de vida, tais como comer bem, praticar exercícios e cultivar bons pensamentos “Esses são elementos adicionais para afastar as complicações da doença e manter o corpo e a mente sob controle”, diz.


SERVIÇO:

Clínica Gênesis
Av. República do Líbano, 1673
Ibirapuera
São Paulo – SP
Tel.: (11) 36284805/36284804

Website: www.clinicagenesis.com.br

Crédito:Cris Padilha

Autor:Márcia Wirth

Fonte:Universo da Mulher