Rio de Janeiro, 13 de Maio de 2024

Homem adulto faz uso eventual de preservativo

Jovens e adolescentes iniciaram sua vida sexual após a descoberta da Aids e o uso de preservativos faz parte de seus hábitos, ou pelo menos deveria. No caso daqueles com mais de 40 anos, a situação é diferente: têm que se adaptar a uma nova prática e superar tabus. Apesar disso, não são realizadas campanhas de conscientização sobre o tema para este público.
 
 
Mas afinal, como se comportam os casais adultos quando o assunto é a prevenção de DSTs? O aprofundamento desta questão foi o objetivo da pesquisa “Sexo e Segurança”, a primeira no Brasil a buscar estas respostas.
 
 
Coordenado pelo presidente da Comissão de Sexologia da FEBRASGO - Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e patrocinado pela Pfizer, o estudo ouviu 2100 brasileiros (cerca de 50% homens e 50% mulheres), de 40 a 65 anos, em diferentes regiões do País. As entrevistas foram realizadas em agosto de 2005.
 
 
Cerca de 63% dos homens entrevistados, independentemente da idade, afirmam que usam preservativos. Poderia ser até uma boa notícia mas, quando perguntados qual a freqüência dessa prática, 66% dos que dizem utilizar o preservativo admitem que o fazem de forma eventual. Se considerarmos a totalidade dos entrevistados, o uso de preservativos não faz parte dos hábitos sexuais de 80% dos homens com mais de 40 anos.
 
 
Quanto mais a idade avança, menor é o uso. Enquanto 74% dos homens de 40 a 45 anos dizem que utilizam camisinha, ainda que eventualmente, o número cai para 48% após os 61 anos. A variação por cidade também é grande: a campeã Belo Horizonte tem uma média de adesão de 85%, enquanto na “lanterninha” Brasília, a média é de 44%.
 
 
E o que prejudica o sexo seguro na vida adulta? Homens maduros apontam fatores diversos, que vão do desconforto à impressão de que o preservativo torna a relação sexual artificial. Quando perguntados mais claramente sobre essas razões, aparecem insegurança em relação ao desempenho e medo de perder a ereção.
 
 
Dos entrevistados que concluíram que há obstáculos físicos para o uso de camisinha, 71% afirmaram que temem perder a ereção, ou modificar sua rigidez. Quando perguntados sobre fatores emocionais, entre aqueles que reconhecem outras razões, o problema também aparece, ainda que mais veladamente: 28% dizem ficar inseguros porque têm medo de perder a ereção, 9% dizem ficar ansiosos e 6% nervosos. “Cerca de 59% falam em “atrapalhar a relação”, o que não exclui essa preocupação”, diz o dr. Gerson Lopes. 
 
 
Praticamente o mesmo número de homens, ou seja cerca de 50% do total que participou da pesquisa, diz que se interessa por campanhas de conscientização sobre prevenção de DSTs e também sobre problemas de ereção.
 
 
E o que falam as mulheres? Diferente da média resultante das entrevistas com homens, elas afirmam que 48% de seus parceiros utilizam preservativos. Como era de se esperar, em respostas abertas, os motivos apontados por elas para que eles não se previnam são evasivos. Mesmo assim, há aquelas que relataram observar fatores físicos que prejudicam o uso de camisinha. Desse total, metade diz que percebe a preocupação do parceiro com a perda de ereção.
 
 
“Os resultados desse estudo revelam uma realidade: casais adultos precisam ter maior consciência sobre a necessidade de prevenção”, diz o dr. Gerson Lopes. Para ele, homens e mulheres maduros devem entender que é possível ter prazer sem descuidar da segurança.
 
 
 
 

Crédito:Fatima Nazareth

Autor:Gabriela Scheinberg

Fonte:CDN – Companhia de Notícias