Em comédias românticas ou filmes mais sombrios, ele arrasa com seu jeito tímido e inseguro, que, aliás, não é só pose. Mark é assim também na vida real.

FOTO: Divulgação Paris Filmes

    Mark Ruffalo poderia sobreviver em Hollywood fazendo uma comédia romântica atrás da outra. Ninguém discute que ele derrete corações com seu olha de cachorro abandonado. É só lembrar de filmes como Dizem Por Aí, E Se Fosse Verdade e De repente 30, em que beldades como Jennifer Aniston, Reese Whiterspoon e Jennifer Garner deixaram o moreno com cara de menino (apesar dos 40 anos) inconsolável nas telas. “Entendo por que insistem em me escalar para os papéis do mocinho de coração partido. Nunca fui muito popular com as garotas do colégio”, afirma, brincando, Mark, tão discreto quanto a maioria dos personagens que interpreta.

     Porém, do que depender dele, as comédias românticas serão coisa do passado: “Por minha natureza, um pouco sombria, prefiro os personagens mais complicados e atormentados, que exigem mais de mim emocionalmente” – revela. Essas qualidades são evidentes no seu papel mais recente, Dwight Arno, um advogado pai de família que atropela um garoto de dez anos e foge da cena do crime em Traídos pelo Destino, que estréia em breve por aqui.

    Também no filme dirigido por Terry George estão Jennifer Connelly e Joaquin Phoenix como os pais do garoto atropelado, e Mira Sorvino, como mulher de Dwight. “O filme reforça como nós somos criaturas frágeis” – diz o ator, acrescentando ter se sentido bastante aliviado quando a filmagem acabou: “Foi um dos papéis mais difíceis que fiz. Não consegui me sentir confortável em nenhum momento. Dwight está em constante luta consigo mesmo.

     Mas o papel que fez em seguida também exigiu bastante. Rufallo é o protagonista masculino de Cegueira, adaptação de Ensaio sobre a Cegueira, romance de José Saramago. Sob a direção do brasileiro Fernando Meirelles, o ator interpreta um médico que vive em uma cidade não identificada em que a população é assolada por uma epidemia de cegueira incurável e inexplicável. “Eu tentei fazer Meirelles desistir da idéia de me escalar, mas ele insistiu”, confessou o ator em uma coletiva, expondo sua insegurança em aceitar o desafio. Meirelles, no entanto, é só elogios: “Ele está bem para burro. Começa o filme como um médico arrogante, muito seguro de si, mas, depois que perde a visão, começa a se enxergar. E desmonta. Ruffalo parece uma pessoa de verdade. Não o típico protagonista machão de cinema americano”.

     Rufallo é casado com Sunrise Coigney, atriz e proprietária de uma boutique em Los Angeles, há quase oito anos e tem três filhos: Keen, 6 anos, Bella, 2 e a caçula. Odette de apenas dois meses. “Sou um desses caras que só se encontraram na vida depois de formar uma família. Graças a isso, hoje sei o que quero e não quero. E, felizmente, o foco não está em mim, o que é um alívio” – finaliza.