Rio de Janeiro, 08 de Maio de 2024

Quebrando os mitos da pílula

Quebrando os mitos da pílula
 
A pílula é o método contraceptivo mais usado  pelas  mulheres  em  idade  fértil. Segundo um estudo publicado na última  edição  do The European Journal of Contraception and Reproductive Health  Care, 30% das mulheres de 15 a 49 anos usam contraceptivos orais.
 
Somente  no mercado brasileiro estão disponíveis mais de 68 opções, sendo que  pelo  menos  17  produtos pertencem à nova geração de contraceptivos orais, ou seja, têm baixa dose hormonal e são feitos com substâncias mais parecidas  com  os hormônios produzidos pelo organismo feminino. Mas será que a pílula é realmente segura e eficaz?
 
Especialistas asseguram que sim e ressaltam que a eficácia do produto depende também do uso correto.

Não raro, ouve-se falar de uma amiga que se esqueceu de tomar a pílula ou foi  à  farmácia  e decidiu trocar o contraceptivo por outra marca. Outra situação  comum  são  os  intervalos e pausas entre os ciclos menstruais, além  da  interrupção  do  uso  sem  consultar  o médico.
 
"Nossos estudos mostram que o índice de abandono do método gira em torno de 60% e que 30% das  mulheres  se  esquecem  de tomar pelo menos uma pílula por cartela", revela  Claudemir Pereira, gerente da área de Ginecologia & Andrologia do laboratório   Schering   do   Brasil,   fabricante   de  sete  marcas  de contraceptivos orais.
 
E  por quê isso ocorre?
 
O principal motivo é o receio que as mulheres têm de  sofrer  com  os  possíveis  efeitos  colaterais.
 
As mulheres em geral atribuem  aos  contraceptivos  orais distúrbios como retenção de líquido, cefaléia,  dores nas mamas e irritação gástrica.
 
Para os especialistas da área  esses medos não passam de mitos. "Hoje os anticoncepcionais possuem um  décimo  da quantidade de hormônios que as primeiras pílulas.
Com isto se  conseguiu diminuir os efeitos indesejados, como náusea, dor de cabeça e   aumento   de   peso,  sem  que  a  eficácia  do  contraceptivo  fosse comprometida",  afirma  o  Dr.  Álvaro  Petracco,  professor  titular  de Ginecologia  da  Pontifícia  Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul.

Entre  os  produtos mais modernos há Yasmin®, um contraceptivo que contém drospirerona,   um   hormônio   semelhante   à   progesterona   produzida naturalmente  pelo organismo feminino.
 
A substância combate a retenção de líquido,  ameniza  o  inchaço,  deixa  a pele com aspecto mais saudável e reduz a produção sebácea do cabelo. Para o Dr. Luis Bahamondes, professor titular  de  Ginecologia  da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), isso  ocorre  por  diversas  razões. 
 
"A  ação  antimineralocorticóide da drospirenona  auxilia na prevenção da retenção de líquidos. Outro fator é que   a   drospirenona   melhora   a   pele   graças  à  sua  propriedade antiandrogênica,  que  reduz  a  ação  dos  hormônios  masculinos, um dos motivos do aparecimento da acne".

Segundo dados do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM), a percepção das latino-americanas sobre os contraceptivos orais mostra que é preciso intensificar a orientação das mulheres sobre o tema.

 
Cerca  de  75% não sabem como o anticoncepcional funciona, 24% consideram que  os  hormônios são bons para a saúde e 21% acreditam que os hormônios são  "algumas  vezes bons, outras vezes maus".
 
Outro dado curioso é que a metade das mulheres não sabe o que um anticoncepcional contém.

A  informação  parece ser o melhor remédio para estimular que as mulheres fiquem atentas às orientações dos médicos sobre os contraceptivos orais e seus  reais  efeitos. 
 
"Apenas  para  ilustrar,  em  uma  pesquisa  sobre fertilidade realizada na cidade de Porto Alegre com população das classes A,  B  e  C,  53%  dos entrevistados responderam que os anticoncepcionais orais  podem  causar  infertilidade no futuro.
 
Este tipo de mito deve ser desfeito", ressalta Dr. Petracco.

Os mitos e verdades sobre o que as mulheres pensam a respeito dos efeitos dos  anticoncepcionais, segundo Dr. Álvaro Petracco, professor titular de Ginecologia  da  Pontifícia  Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul.

"A pílula engorda porque retém líquido"

Dr. Álvaro: Os contraceptivos usados atualmente contêm doses muito baixas de  hormônios  e  isto  não  determina,  em  princípio,  o ganho de peso.
Recentemente,  com  a  descoberta  de  um  novo componente das pílulas, a drospirenona,  pode-se  prevenir  a  retenção  e o excesso de líquidos do corpo.

 
"A pílula provoca acne"


Dr.   Álvaro:   As   pílulas   chamadas   de  "terceira  geração"  contêm progestógenos sem ação androgênica (como gestodeno e desogestrel) e não provocam  acne. 
Por  outro lado, existem pílulas que podem ser usadas no tratamento  da acne por conterem hormônio que diminuem a ação androgênica sobre o folículo pilo-sebáceo. São os anticoncepcionais que contêm na sua formulação a ciproterona e a drospirenona.

"Sinto mal estar toda vez que tomo a pílula"


Dr.  Álvaro: No início do uso do contraceptivo, por aproximadamente 3 a 4 meses  poderá  haver sintoma de adaptação. Caso os sintomas permaneçam, é necessário  buscar  ajuda médica para rever se a formulação da pílula é a mais adequada para aquela usuária.
 
"A pílula aumenta os sintomas da tensão pré-menstrual (TPM)"


Dr.  Álvaro:  Os contraceptivos podem diminuir os sintomas da TPM. Quando os sintomas da TPM são principalmente relacionados à retenção de líquido, cefaléia   e   sensação   de  aumento  de  peso,  os  contraceptivos  com drospirenona são os mais indicados, pois diminuem significativamente este tipo de sintomatologia.
 
 

 

Crédito:Silvia Torrano

Autor:Silvia Torrano

Fonte:Burson-Marsteller Brasil