Rio de Janeiro, 07 de Maio de 2024

Efeitos do álcool na sociedade e na mulher

Durante toda a história da humanidade há registros do consumo de álcool, sendo que os primeiros datam de aproximadamente 6000 a.C. Festas regadas a vinho, barris de cerveja e bebedeiras acontecem há séculos, mas talvez seja hoje o período em que melhor podemos ver e sentir as conseqüências destes abusos.

O hábito de ingerir álcool tornou-se um grande problema da sociedade moderna, que leva ao mercado maiores quantidade e variedade de bebidas. Graças ao aumento da produção e menores custos, o consumo cresceu muito, sem que houvesse conscientização da falta de limites do ato de beber.

Dia após dia o número de dependentes é maior, bem como o de acidentes causados pela embriaguez. A ingestão de álcool diminui a coordenação motora e os reflexos, estando intimamente ligada à alta mortalidade por causas externas. O beber contínuo e excessivo é responsável por complicações gastrointestinais, diarréias crônicas, infiltração gordurosa do fígado, cirrose hepática e câncer, entre outras complicações sobre todo o organismo.

 

Os fatores que podem levar ao alcoolismo podem ser de origem biológica, psicológica ou sociocultural. Apesar de a maior parte das pessoas saber que ingestão excessiva de bebidas alcoólicas tem efeitos graves no organismo, é cada vez maior o número de ocorrências de brigas, espancamentos, acidentes automotivos, atos de vandalismo e internações, absenteísmo ao trabalho, além de mortes prematuras em plena idade produtiva.

Tomar umas e outras é uma das mais importantes causas de acidentes evitáveis e mortes no trânsito. Os dependentes do álcool têm propensão ao desenvolvimento de doenças no fígado, no aparelho digestivo, no sistema cardiovascular e aos casos de polineurite alcoólica, sendo que, nos jovens, cujo organismo ainda encontra-se em fase de desenvolvimento, e no sexo feminino, mais propício ao alcoolismo, as conseqüências são bem mais graves.

Os efeitos do álcool não divergem significativamente no organismo do homem e da mulher, contudo há uma ampla diferenciação na metabolização no corpo feminino, o que faz com que elas apresentem sinais de embriaguez mais rapidamente.

Há distinção entre os sexos, pois o organismo feminino possui maior proporção de tecido gorduroso, sofre com variações do álcool no decorrer do ciclo menstrual e por diferenças enzimáticas, o que gera a maior propensão de a mulher tornar-se alcoólica.

Além das questões relacionadas à saúde orgânica, as mulheres sofrem mais psicologicamente, já que, além dos problemas comuns aos dependentes, elas ainda se vêem obrigadas a lidar com grande preconceito da sociedade. Hoje sabemos que até mesmo outros dependentes agem de forma preconceituosa para com as mulheres dependentes de álcool, repetindo em grupos de tratamento mistos os mesmos preconceitos e violência verbal que elas sofrem em casa, provenientes de pessoas que muitas vezes fazem uso até mais pesado de álcool.

“Por questões metabólicas, a mulher é mais suscetível ao alcoolismo”, afirma o dr. Sérgio Seibel, ex-presidente do Comitê Multidisciplinar de Estudos em Dependência do Álcool e outras Drogas da Associação Paulista de Medicina (APM). “Além de superar as questões comuns aos alcoólicos, elas enfrentam enorme preconceito, padecem com o medo e a vergonha”.


Ingestão

despeito de todos os riscos implícitos ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas, lembramos que a tradição de ingerir pequenas doses em algumas datas do ano ou ocasiões especiais não consiste em risco para saúde. Por essa razão a nutricionista do Ganep Nutrição Humana, Maria Izabel Lamounier, afirma que não há necessidade de banir a bebida de nossas vidas, só que é fundamental saber administrá-la. “Tudo depende da dosagem”, pondera.

O álcool, quando ingerido em pequena quantidade, não traz danos ao organismo e pode ser consumido desde que não haja nenhuma contra-indicação médica.

“O que não podemos fazer, por exemplo, é beber e dirigir”, conclui Maria Izabel Lamounier, frisando a essencialidade de fazer esta ressalva, pois independentemente da quantidade ou tamanho das doses, há alterações momentâneas perceptíveis após a ingestão de bebidas alcoólicas.

 


 

Lei seca

 

Segundo levantamento do Ministério da Saúde, a “Lei Seca” reduziu as operações de resgate em boa parte do país. O número de atendimentos caiu, em média, 24%. A nova Lei 11.705, de 20 de junho, altera o Código de Trânsito Brasileiro e proíbe o consumo de qualquer quantidade de bebida alcoólica por condutores de veículos. Quem for pego dirigindo depois de beber terá de pagar multa de R$ 957,70, perderá o direito de dirigir por um ano e, conforme a quantidade de álcool registrada no teste do bafômetro, corre o risco de responder por crime, com pena de até 3 anos de detenção. A fiança chega a R$ 1.200. Segundo dr. Jorge Curi, presidente da APM, proibir motoristas de ingerir qualquer quantidade de bebida alcoólica é acima de tudo um ato de amor à vida. “A nova lei merece total apoio da classe médica e também de toda a Sociedade. Neste momento, devemos comemorar as vidas preservadas a cada dia e torcer para que outras iniciativas semelhantes sejam adotadas no país”.

 

Crédito:Cris

Autor:Acontece - Chico Damaso

Fonte:Universo da Mulher